Público recusa versão reduzida do hino, exibe cartaz com protesto e toca vuvuzela
Mauricio Stycer
Do UOL, em Fortaleza
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Flávio Florido/UOL
Torcedores continuaram cantando o hino nacional que a gravação terminou
Não houve, como se imaginou, muita gente cantando o Hino Nacional brasileiro de costas, como forma de protesto. O que chamou a atenção, antes do início de Brasil e México, no Castelão, foi o entusiasmo do público, que recusou a versão resumida de 90 segundos, imposta pela Fifa, e continuou cantando o hino depois que a gravação terminou. A primeira parte do hino foi cantada inteira.
Apesar de a Fifa proibir, alguns torcedores portavam cartazes com mensagens de teor político. "Meu Brasil está nas ruas. O gigante acordou", dizia um. Outro, em inglês, apontava: "Chega de corrupção. Queremos segurança, saúde e educação". Outro ainda, também em inglês, dizia: "Minha geração vai mudar o Brasil". E ainda em inglês: "Não são apenas 20 centavos, mas 69 bilhões roubados dos cofres públicos".
Igualmente proibido pela Fifa, o som da vuvuzela, célebre na Copa de 2010, na África do Sul, ecoou no Castelão em diferentes momentos da partida.
Bem comportado, o público gritou o nome de alguns poucos jogadores durante a partida: Neymar, Hulk e Paulinho. Vaiou bastante a seleção do México. Tentou várias "olas" e algumas cantorias típicas em partidas da seleção, como: "Sou brasileiro, com muito orgulho..."
Antes do início da partida, cerca de 15 mil pessoas participaram de um protesto contra a realização da Copa das Confederações, nas imediações do Castelão. A polícia montou barreiras para impedir a aproximação dos manifestantes e houve confronto. A polícia usou spray de pimenta para tentar dispersar a multidão e foi alvo de pedras.
Um pequeno grupo de ativistas conseguiu chegar à entrada do Castelão e tentou convencer espectadores que entravam com ingresso a ficar de costas durante a execução do Hino Nacional. "De costas no hino", era a palavra de ordem dos manifestantes.
A Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) proíbem protestos dentro dos estádios das Copa das Confederações. Foi o que informou a entidade nesta quarta-feira ao UOL Esporte, ao reafirmar a regra que proíbe manifestações políticas ou ideológicas dentro de suas competições. Mas não haverá flexibilidade para o atual evento, que ocorre em meio a onda de movimentos de rua no país.
"Fifa e o COL respeitam o direito de livre expressão e o direito das pessoas de protestar. Dentro do estádio, há um código que se aplica, como escrito nos ingressos e no guia dos torcedores", afirmou a assessoria da Fifa. "Esse código é similar em grande eventos e há procedimentos padrão adequados para serem tomados em relação a esse item."
Iniciada com protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, a onda de manifestações que está varrendo país logo adquiriu outros contornos. Um dos alvos foi justamente os gastos com a construção de estádios e outras obras para a Copa do Mundo de 2014.