Marin foge do tema e diz que protestos ficarão do lado de fora dos estádios

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

José Maria Marin, presidente da CBF
José Maria Marin, presidente da CBF

José Maria Marin, presidente da CBF, preferiu tirar o corpo fora ao falar dos protestos que tomaram diversas cidade do país nos últimos dias, inclusive no entorno dos estádios que recebem jogos da Copa das Confederações. Para o dirigente, o importante é que "nada irá acontecer dentro dos estádios".

"Dentro do campo não vejo nenhum preocupação. No estádio em si não tenho preocupação. Agora fora do estádio não cabe à CBF, a não ser procurar dar a máxima tranquilidade àqueles que se dirigem ao estádio. Não quero desviar do foco esportivo. As autoridades competentes saberão tomar as ações adequadas para que isso não se torne um problema para a Copa das Confederações e Copa do Mundo", afirmou.

Mesmo sendo presidente do COL, Marin se absteve de um posicionamento mais contundente em relação aos que criticam os gastos envolvidos nos grandes eventos esportivos do Brasil. Segundo ele, a insatisfação popular não chegará ao futebol.  

"O COL é um órgão de acompanhamento e informação, não se envolve em nada de construção, é um órgão de observação. Eu respeito profundamente qualquer manifestação desde que seja pacífica de todos os lados. O torcedor vai separar o espetáculo do jogo da manifestação. Tenho certeza absoluta que nas partidas não haverá problema para aquele que irá ao estadio", declarou.

Questionado pela reportagem do UOL Esporte se considerava que fora dos estádios o Brasil era um outro país, já que ele insistia que os protestos não interferiam no comportamento do torcedor das arquibancadas, Marin se irritou. "Além do estádio a CBF não tem autonomia nem liberdade para tomar atitude. Nós confiamos nas autoridades competentes", disse.

Por fim, o presidente afirmou que não irá cercear o direito dos jogadores da seleção brasileira se manifestarem sobre o assunto, já que vários deles usaram as redes sociais para darem apoio aos manifestantes.

"Nos preocupamos com comportamento do jogador na parte esportiva. A liberdade de expressão é do jogador. Não há uma censura e nunca vai haver", disse, negando que isso seja uma crítica dos atletas à própria entidade.

Marin esteve presente no anúncio do novo patrocinador da CBF, a Seguros Unimed. O patrocínio contempla todas as seleções da CBF, da sub-15 ao time principal. O contrato tem vigência de seis anos, com início no primeiro dia de junho deste ano e término em 31 de julho de 2019, após a Copa América.

A parceria permite à empresa expor sua marca em todas as ações e ventos da CBF no Brasil e no exterior, uniformes, publicidade estática em jogos, além de contar com a imagem da seleção para ações publicitárias. Até mesmo as carteirinhas de saúde do plano médico da marca e os carros-maca  terão o logo da CBF.

Copa e corrupção tomam lugar de transporte em protestos

  • "Copa do Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro para a saúde e a educação!". Este e outros gritos de teor semelhante deram o tom das manifestações que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras. Foi o dia em que os protestos contra os aumentos nas tarifas de transporte público se tornaram também manifestações contra o gasto de dinheiro público na organização da Copa do Mundo de 2014. Somente com os estádios que estão sendo construídos ou reformados para o Mundial da Fifa, mais de R$ 7 bilhões a mais do que o previsto inicialmente, estão sendo consumidos. Deste total, 97% é dinheiro público.

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