CBF confirma Scolari e Parreira na seleção e Marin faz discurso contra técnico estrangeiro
Pedro Ivo Almeida e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Fatih Saribas/Reuters
Scolari e o goleiro Marcos na Copa de 2002: volta à seleção dez anos depois
O presidente da CBF, José Maria Marin, confirmou nesta quinta-feira o nome da dupla que irá assumir o comando da seleção brasileira. Sai Mano Menezes, técnico marcado pelo sucesso em clubes como Corinthians e Grêmio na Série B, entram dois campeões mundiais. Dez anos após conquistar o Mundial de 2002, Luiz Felipe Scolari será o técnico da equipe e já responde pelo cargo no próximo sábado, durante o sorteio dos grupos da Copa das Confederações. Ao seu lado estará o tetracampeão Carlos Alberto Parreira, agora no cargo de coordenador.
Ao falar sobre a escolha, Marin voltou a se mostrar contra a contratação de um técnico estrangeiro. Logo em sua fala de abertura, ele fez uma menção direta à indicação do espanhol Pep Guardiola. Sem citar o nome do ex-técnico do Barcelona, ele disse que recebeu a indicação de um nome que merece respeito, mas que só "o conhecia como técnico de clubes". Além disso, o presidente afirmou que os técnicos brasileiros são capazes de assumir o posto e citou o nome de Tite, do Corinthians, Muricy Ramalho, do Santos, Vanderlei Luxemburgo, do Grêmio, e Abel Braga, do Fluminense. "Felizmente nosso país tem técnicos componentes e temos que valorizar aquilo que é nosso".
Felipão falou logo em seguida ao presidente Marin. "Com bastante alegria e satisfação que volto a trabalhar e a estar envolvido em um grande projeto da seleção. Que é o Mundial de 2014. Feliz por estar retornando a trabalhar com pessoas que confiaram no meu nome. Feliz por ter ao meu lado alguém alguém que eu possa dividir diuturnamente os rumos da seleção, que é o Carlos Alberto Parreira e colocar nosso projeto de mundial, que já havia sido iniciado. Visando o povo brasileiro, pensamos na conquista do titulo de 2014, que é o objetivo principal", disse o técnico.
A supercomissão técnica marca o retorno do modelo que deu certo nos últimos dois títulos mundiais da seleção. Em 1994, Parreira era o treinador e Zagallo, tricampeão como jogador e técnico, como coordenador. Em 2002, Felipão tinha a companhia de Antônio Lopes, que chegou ao cargo credenciado pelo título da Libertadores de 1998 pelo Vasco.
Luiz Felipe Scolari
Quando Marin assumiu a CBF, esse formato tinha sido abandonado. Demitido na semana passada, Mano Menezes era o responsável pela seleção principal, sem um coordenador. Acima dele estava Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, que pediu demissão na quarta-feira. A relação, porém, era diferente: o cartola era diretor de seleções e tinha todas as equipes nacionais sob seu guarda-chuva.
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O nome de Felipão era especulado na seleção brasileira desde que Ricardo Teixeira deixou o comando do futebol nacional. Mano Menezes, porém, resistiu por oito meses no cargo, apesar da derrota na final da Olimpíada de Londres. A demissão veio após o último jogo do ano da seleção, contra a Argentina. O Brasil perdeu a partida por 2 a 1 no estádio da Bombonera, em Buenos Aires, mas ficou com o título do Superclássico nos pênaltis.
Inicialmente, o anúncio do novo treinador seria feito apenas em janeiro. Após a saída de Mano, porém, Marin e a CBF passaram a antecipar o prazo para a definição. A gota d'água acabou sendo a pressão da comitiva da Fifa, que está no Brasil para inspeções das obras para a Copa do Mundo de 2014 e, principalmente, para o sorteio da Copa das Confederações, que será disputada no ano que vem.
O evento está marcado para o próximo sábado e a entidade internacional não queria a cadeira de técnico da sede do torneio vaga. Com a negociação com Scolari facilitada pelo desejo mútuo para ter o gaúcho no cargo, a CBF marcou para a manhã desta quinta a confirmação.
O treinador, inclusive, não colocou muitas barreiras para a assinatura do contrato. O UOL Esporte apurou que Scolari abriu mão de um supersalário como recebia no Palmeiras para se adequar ao patamar do que ganhava seu antecessor. Segundo o staff do gaúcho, ele planeja compensar a diferença entre o que ganhava no clube paulista e seu novo salário com patrocinadores pessoais. Em Portugal, ele engrossava seus vencimentos atuando como garoto-propaganda de diversas empresas, além de ceder sua imagem para a divulgação da Eurocopa, que foi disputada no país.
Se o dinheiro não era problema, Scolari não abriu mão da autonomia para formar a sua equipe. Nomes como Flávio Murtosa, auxiliar-técnico, Carlos Pracidelli, preparador de goleiros, são tidos como certos na comissão técnica. Ele ouviu de Marin que, do técnico para baixo, todas as escolhas serão de Scolari.
Para o cargo de preparador físico, Felipão tem dois nomes: Paulo Paixão e Darlan Schneider. O primeiro trabalhou com Felipão em clubes como Grêmio e Palmeiras e está atualmente no tricolor gaúcho. Já Schneider é sobrinho do técnico e esteve com ele nas seleções do Brasil e de Portugal.