Chegada franciscana facilita integração do "dunguista" Kaká ao grupo de Mano Menezes

Fernando Duarte

Do UOL, em Malmö (Suécia)

  • Mowa Press

    Kaká retornou ao time brasileiro na partida contra o Iraque e deixou sua marca

    Kaká retornou ao time brasileiro na partida contra o Iraque e deixou sua marca

Nenhum jogador convocado por Mano Menezes para os amistosos contra Iraque e Japão e até mesmo em atividade no futebol brasileiro tem o currículo de Ricardo Izecson dos Santos, o Kaká. Porém, mais que qualquer troféu de melhor do mundo, Copa ou Liga dos Campeões, é a humildade franciscana do meia-atacante que permite a ele uma integração harmoniosa ao novo grupo da seleção brasileira, ao contrário da relação marcada por arrogância e intempestividade de outros veteranos da era Dunga chamados anteriormente por Mano Menezes.

O exemplo gritante desse contraste é o já notório desabafo feito pelo zagueiro Lúcio durante a Copa América de 2011, quando ele questionou publicamente o comprometimento dos jogadores mais jovens com o projeto da seleção. O episódio provocou uma ameaça de racha no grupo, que precisou de Mano como bombeiro. Não foi apenas o zagueiro, porém, que causou desconforto.

As presenças dos então companheiros de Inter de Milão Júlio César e Maicon, considerados também homens de confiança de Dunga, nunca foram aceitas espontaneamente pelo novo grupo. Em conversas de bastidores, foi revelado que o trio era visto como "sem afinidade" com jogadores mais jovens e vivendo realidades diferentes. E se outros veteranos, como Ronaldinho Gaúcho, apresentavam personalidade menos complicada, ainda assim não conseguiam se encaixar com a maioria dos jogadores.

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No caso de Kaká, porém, a recepção foi bem mais calorosa. E simbolizada por abraço grupal com titulares e reservas depois de o meia marcar seu primeiro gol pela seleção desde junho de 2010. Ou pelas diversas cenas de risadas com jogadores diferentes em sessões de treino, apesar de o meia do Real Madrid conhecer pouquíssimos companheiros de seleção antes da apresentação – e apenas um deles, o lateral Marcelo, seu companheiro de equipe na Espanha, é companhia regular. Por sinal, Kaká tem dividido quarto na seleção com Lucas, a quem conheceu rapidamente durante uma visita ao São Paulo.

'É um grupo muito legal, a convivência com eles está sendo especial. Fui até o banco comemorar com os jogadores fiquei feliz ao sentir o carinho deles. Desde que cheguei aqui eles sempre foram muito receptivos, o ambiente é bom'', explicou o jogador.

Diferenças de tratamento podem também ser explicadas pelo carisma de Kaká, que transcende a realidade mais direta do futebol. Mesmo há dois anos buscando um retorno a algo próximo da forma física e técnica que o levou a se tornar o último brasileiro a receber o prêmio de melhor jogador do mundo (2007), o meia do Real Madrid ainda conta com uma legião de admiradores traduzida pelos mais de 13 milhões seguidores no twitter e pela tietagem de colegas mais novos que, assim como Kaká, fogem do figurino boleiro baladeiro.

''O Kaká é um jogador especial não só pelo que representa para a história da seleção dentro de campo. Já deveria ter sido chamado antes, quando estava em baixa. Isso teria o ajudado a sair daquela situação. Ele nunca deixou de ser craque'', explica o zagueiro David Luiz.

Contou muito também a percepção do meia do Real Madrid. Diferentemente de seu retorno à seleção após a Copa de 2006, quando se apresentou ao então técnico Dunga com uma postura defensiva diante dos ataques públicos feitos pelo capitão do tetra a medalhões como Roberto Carlos, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, Kaká entendeu que, nos dois anos e meio de afastamento da seleção, o mundo deu muitas voltas.

E nessas voltas ficou claro que a deferência da geração de Neymar & Oscar para a classe de 2010 não necessariamente chegaria a subserviência.

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