03/06/2010 - 15h25

Vizinho à seleção, time amador fica dividido e troca tietagem por treino

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)

Enquanto cinco mil empolgados torcedores gritavam e acompanhavam o treino da seleção brasileira no estádio Dobsonville, no Soweto, cerca de 15 garotos estavam a poucos metros dali em um “mundo à parte” tentando encontrar concentração. Os jogadores do time amador Kaizer Eleven treinaram nesta quinta-feira quase ao lado das estrelas brasileiras. A maioria gostaria de passar a tarde tietando Kaká e companhia, mas não foi liberada. Todos tiveram que trabalhar duro, como se fosse um dia normal. Mas não era.

  • Alexandre Sinato/UOL

    Kaizer Eleven se prepara para início de treino; ao fundo, milhares de pessoas prestigiam o Brasil

  • Alexandre Sinato/UOL

    Seleção treina no Dobsonville e, ao fundo, atletas do Kaizer Eleven trabalham com coletes amarelos

O Kaizer Eleven é amador e comandado por Kaizer Buju, que dá nome à equipe. Neste sábado, o time do Soweto que atua com a cor vermelha disputa a decisão do torneio local. Figura entre os oito finalistas e está a quatro jogos do título, todos marcados para o mesmo dia. A dois dias da importante data, Kaizer Buju não deu moleza aos garotos.

“Se eu pudesse, estaria lá vendo a seleção brasileira, mas só soube que eles treinariam aqui do lado quando cheguei aqui. Aí não deu mais”, conformou-se Thabo, de 21 anos. “Eu também iria lá, mas não consegui entrada quando me disseram pela manhã que eles viriam. Agora tenho que treinar”, emendou Kgotso, de 27 anos e o mais experiente da equipe.

Com os coletes já distribuídos pelo treinador/dono, os jogadores do Kaizer Eleven procuravam concentração. Mas não foi fácil. O barulho que surgia do Dobsonville roubava a atenção. “A cada grito mais forte das pessoas lá no estádio fico imaginando que eles viram algum drible do Kaká ou uma jogada de efeito dos brasileiros”, comentou Kgotso.

Cerca de cem metros separavam o campo aberto que recebia o Kaizer Eleven do estádio usado pelos valiosos brasileiros, acostumados a cifras milionárias. Humilde, o time do Soweto trabalhava com três bolas e três cones entre as duas traves sem redes. “Seria bom jogar contra o Brasil. Não temos medo deles”, bradou Thabo, entre um sorriso maroto e uma confiança gigantesca.

Confiança que o Kaizer Eleven diz ter para as partidas decisivas que enfrentará no sábado. Neste dia, eles colocarão em jogo a campanha feita em mais de 60 partidas na atual edição do torneio.

“Aí sim, depois de sábado, poderemos ficar só vendo a Copa do Mundo numa boa. Meu time é a África do Sul, mas também torcerei pela Sérvia. Quero que ao menos uma vez uma pequena seleção vença”, completou Kgotso ao calçar a rasgada chuteira e correr para o início do importante treino. Sábado é dia decisivo. Mesmo a contragosto, a seleção brasileira virou segunda opção para o Kaizer Eleven.
 

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