Barra brava deportado do Brasil promete voltar se Argentina decidir a Copa

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/Polícia Federal

    O 'barra brava' argentino Bebote estava disfarçado no estádio Mané Garrincha quando foi preso

    O 'barra brava' argentino Bebote estava disfarçado no estádio Mané Garrincha quando foi preso

Preso no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e deportado para a Argentina, o torcedor Pablo "Bebote" Álvarez pode voltar ao Brasil. Nesta terça-feira, o barra brava do Independiente concedeu entrevista coletiva no país-natal e afirmou estar regenerado. Além disso, prometeu estar no Maracanã no próximo domingo se a seleção liderada por Lionel Messi avançar à decisão da Copa de 2014.

"Digo ao senhor [Sergio] Berni [secretário de Segurança da Argentina] que irei à decisão da Copa do Mundo e que vou trazer a taça para a Argentina. Se ganharmos da Holanda amanhã [quarta-feira], vou ao Brasil com mais 60 pessoas. Quero ver me encontrarem", disse Bebote em Buenos Aires.

O argentino foi preso no sábado, em Brasília, durante o jogo Argentina x Bélgica, válido pelas quartas de final da Copa do Mundo. Ele estava disfarçado com cabelos pintados de verde, camisa do Flamengo, óculos e bigodes falsos, mas foi identificado pela Polícia Federal nas câmeras de segurança do Mané Garrincha.

Líder de organizada do Independiente e da HUA (Hinchadas Unidas Argentinas, grupo que reúne membros de facções ligadas a clubes para apoiar a seleção argentina), Bebote foi proibido de entrar no Brasil durante a Copa. O nome dele aparece em lista de 2 mil torcedores considerados violentos que a Polícia Federal da Argentina compartilhou com a brasileira.

No entanto, Bebote conseguiu burlar a fiscalização na fronteira, entrou no Brasil pelo Rio Grande do Sul e viu pelo menos dois jogos da Argentina antes da partida em que foi preso. O torcedor esteve em Argentina x Nigéria, válido pela primeira fase, e Argentina x Suíça, duelo das oitavas de final. Depois da segunda partida, chegou a postar uma foto em redes sociais com texto zombando da polícia.

"Agradeço aos que me confiaram os ingressos para o jogo de hoje. Conseguimos essas entradas para celebrar: Bebote 2 x 0 Polícia Federal Argentina", escreveu o torcedor em uma rede social.

Nesta terça-feira, o argentino voltou a mostrar o tom de deboche: "Eu só fui preso e deportado porque me chamo Bebote Álvarez. Ninguém tem nenhuma acusação contra mim. Não roubo nada desde 1999 e não sou um delinquente".

Bebote ainda desafiou o secretário de Segurança da Argentina. "Desafio Berni a me seguir durante um ano e ver como eu vivo. Sou um cidadão argentino livre e que não faz nada ilegal", afirmou o torcedor.

A origem dos ingressos de Bebote

Na entrevista coletiva, Bebote falou abertamente que não compra ingressos para os jogos da Copa do Mundo. Segundo ele, as entradas usadas no Brasil foram dadas pelo contador de Julio Grondona, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino).

"Eu apoiei o contador de Grondona, que foi quem me deu as entradas", disse Bebote em alusão a Claudio Espósito, que trabalha com o dirigente nacional e é candidato à presidência do Independiente.

A declaração de Bebote tem relação direta com operação que a Polícia Civil realizou no Rio de Janeiro sobre desvio e revenda ilegal de ingressos da Copa do Mundo. Intitulada "Jules Rimet", a iniciativa foi deflagrada na terça-feira da semana passada, quando 11 pessoas foram presas.

O grupo incluiu Lamine Fofana, franco-argelino que foi inicialmente apontado como chefe do esquema. Foi a partir dele que a Polícia Civil chegou a Raymond Whelan, CEO da Match, empresa que detém exclusividade de venda para camarotes e setores corporativos em eventos da Fifa. Apontado como elo entre a quadrilha e a entidade esportiva, o executivo foi preso na última segunda-feira, no Copacabana Palace, e solto horas depois.

Em meio a essa investigação, um ingresso com nome de Humberto Grondona, filho de Julio Grondona, foi encontrado com um cambista. O dirigente argentino é vice-presidente da Fifa, e o caso gerou uma ação da entidade.

"Claro que perguntamos ao filho do Grondona. Há duas versões na imprensa: ele teria vendido ou dado o ingresso a um amigo, que teria repassado a outro amigo. Se foi isso, honestamente, é algo que poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Falamos com ele, perguntamos o que houve. Se ele deu o ingresso a um amigo ou só recuperou o valor de face, não há problema", disse Thierry Weil, vice-presidente de marketing da Fifa, em entrevista coletiva.

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