Diretor da Match falta a depoimento; delegado pedirá nova prisão
Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Getty Images
Ray Whelan, chefe de máfia de ingressos, durante evento do sorteio dos grupos da Copa
Raymond Whelan, diretor da empresa Match, não compareceu a depoimento combinado com a polícia na manhã desta terça-feira. O delegado responsável pela operação que desarticulou uma quadrilha internacional de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo, Fábio Barucke, afirmou que deve solicitar novamente a prisão do executivo suspeito de abastecer a máfia dos bilhetes.
Pela lei, Whelan tem direito de não falar com a polícia sobre o caso. Na segunda-feira mesmo, enquanto estava preso na 18ª Delegacia de Polícia, o executivo avaliava a possibilidade de só falar em julgamento. Barucke afirmou que, ao pagar a fiança de R$ 5 mil, o executivo da Match comprometeu-se a não deixar o país.
O delegado disse nesta manhã que a soltura de Whelan "faz parte do processo democrático". Ele ressaltou, porém, que a decisão da Justiça que autorizou a soltura do executivo da Match não considerou as provas obtidas pela polícia em suas investigações. "Os indícios são fortes. As provas não foram analisadas pela Justiça", afirmou.
Justamente por causa das provas colhidas pela polícia que Barucke disse que deve solicitar novamente a prisão de Whelan, antes de seu julgamento. Segundo ele, o inquérito sobre a máfia dos ingressos deve ser concluído nesta terça-feira. Aí ele será enviado à Justiça junto com os pedidos de prisão preventiva dos envolvidos.
Um dos advogados do executivo, do escritório Fernando Fernandes, disse à reportagem do UOL que Raymond Whelan quer colaborar com a polícia, mas que só irá comparecer para depor depois que tiver acesso a toda a investigação sobre a sua suposta participação no esquema de venda de ingressos.
Executivo vai continuar a trabalhar na Copa
Após a soltura de Whelan, a Match divulgou um comunicado em que informa confiar no dirigente, e afirma que ele não descumpriu nenhuma lei. Por isso, a companhia informou que Ray Whelan voltará a suas tarefas relacionadas à Copa-2014.
Ele foi preso no domingo por acusação de participação na máfia de cambistas estourada pela "Operação Jules Rimet". Foram encontrados mais 200 ingressos dentro da operação que revendida bilhetes por até R$ 35 mil, boa parte deles com Whelan.
Parceira da Fifa na venda de ingressos, e de pacotes de hospitalidade, o grupo Match diz que contribuirá para as investigações. "Ray Whelan foi solto da custódia e vai assistir a polícia em próximos inquéritos", afirmou a assessoria da Match. "A Match tem completa fé que os fatos vão estabelecer que ele (Ray) não violou nenhuma lei"
Em seguida, a Match deixou claro que manterá Whelan em suas funções: "A Match continuará a dar apoio total às investigações da polícia, que nós acreditamos firmemente que vão livrar totalmente Ray. Durante esse tempo, Ray Whelan assim como o resto do pessoal da Match continuará seu trabalho operacional em áreas de responsabilidade para entregar uma Copa-2014 bem-sucedida."
Ele é diretor de acomodações da Match Services, empresa prestadora de serviços da Fifa incluindo as operações de venda de ingressos. A Match Hospitaliy, que faz parte do grupo, cuida da venda de 290 mil pacotes Vips, o que inclui também bilhetes.
A Fifa repetiu o discurso de que colabora com a polícia nas investigações: "É interesse do futebol, da Fifa, que os ingressos sejam tratados de forma correta. A organização quer que as investigações continuem e o caso resolvido. (…) A Fifa vai colaborar. Somos contra qualquer comércio ilegal de ingressos", disse a porta-voz da Fifa; Delia Fischer, que não quis comentar as investigações em curso.
A entidade que regula o futebol ainda afirmou que verificará se Ray Whelan tem uma credencial da Copa e avaliará a questão, mas diz que a decisão sobre Whelan ser mantido trabalhando no Mundial cabe apenas à Match.
"Ray Whelan é um empregado de Match Services. É uma decisão deles. Vou ver o credenciamento. Match Services deve ser contato. Ele é um suspeito, e não um condenado", afirmou Fischer.