Fifa entrega lista de telefones à policia após 900 ligações de cambista

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Divulgação/Polícia Civil

A Fifa informou nesta segunda-feira que entregou a autoridades brasileiras uma lista com todos os números de telefones utilizados por membros da entidade no Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014. A lista foi repassada por solicitação de policiais já que investigações sobre uma quadrilha internacional de cambistas apontam que um número da Fifa recebeu 900 chamadas do grupo que comercializava ingressos.

A informação sobre as ligações foi divulgada neste domingo pelo Fantástico, da TV Globo. Foi a própria porta-voz da Fifa, Delia Fischer, quem afirmou que a lista já foi entregue. 

"A Fifa está cooperando com as autoridades para encerrar as atividades de qualquer cambista", disse Delia, em entrevista coletiva concedida nesta manhã. "Já entregamos a lista de lista de telefones da Fifa. Isso foi fornecido às autoridades."

Investigadores da delegacia responsável pela investigação sobre a quadrilha confirmaram o recebimento. Segundo eles, com a lista, eles tentaram identificar quem é o portador do telefone que falava com a quadrilha.

A Fifa é uma das entidades investigadas na operação que descobriu o esquema de venda ilegal de ingressos da Copa. A ação foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da entidade. Segundo a polícia, alguém da Fifa passava ingressos ao argelino Mohamadou Lamine Fofana,  que os revendia a preço muito acima do mercado.

Fofana foi preso na operação Jules Rimet. Mais de cem ingressos também foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades (camarotes) e até a membros de comissões técnicas de seleções. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.

Suspeitos presos informaram à polícia que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

Todos os presos vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e cambismo. Podem ser condenados a até 18 anos de prisão.

*Atualizada às 12h30

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