Em baixa, Bernard volta ao estádio em que se firmou na seleção brasileira
   Gustavo Franceschini
 
Do UOL, em Teresópolis
Quando escolheu Bernard para tentar mudar a semifinal da Copa das Confederações contra o Uruguai, no ano passado, Luiz Felipe Scolari abriu o caminho para que o atacante pudesse, um ano depois, estar na Copa do Mundo. No próximo sábado, o ex-jogador do Atlético-MG voltará ao palco que mudou sua história na seleção, mas em uma condição muito diferente daquela que teve há uma temporada.
Em 2013, Bernard era o segundo reserva das pontas. Em um esquema que tinha Oscar fixo pelo meio, Hulk pela direita e Neymar na esquerda, Lucas, do PSG, era a primeira opção para qualquer um dos lados do campo. Mais experiente e aclamado pela torcida, o ex-são-paulino foi o escolhido por Felipão em toda a primeira fase.
Nada mais natural para o "azarão" Bernard. Embora estivesse gastando a bola no Atlético-MG, que seria campeão da Libertadores pouco depois, o atacante não pôde ser testado por Felipão antes da Copa das Confederações. Nas vezes em que foi chamado, teve problemas com lesões e perdeu a chance de trabalhar de perto com o treinador. Não precisou.
Felipão apostou no que viu em campo e no que ouviu de Cuca e chamou Bernard "às cegas" para o torneio. O estilo vibrante em campo e o carisma fora dele conquistaram o treinador da seleção, e a "alegria nas pernas" virou uma espécie de slogan informal do jogador.
Em um jogo apertado contra o Uruguai, Felipão julgou que precisava de velocidade e ousadia e escolheu Bernard. Era uma resposta inteligente a um estádio já favorável ao prata da casa atleticano, velho conhecido do público. O atacante deu conta do recado, ajudou o Brasil a vencer com gol de Paulinho e ganhou larga vantagem na briga contra Lucas, que acabaria nem sendo chamado para a Copa.
O problema é que um ano se passou para Bernard, e não foi um dos mais fáceis. Vendido meio a contragosto para o Shakhtar Donetsk – ele preferia ser negociado com o Arsenal -, o atacante não teve vida fácil na Ucrânia. Sofreu com o clima, as lesões, e a crise política da nova casa.
No começo deste ano, o país do Leste Europeu irrompeu em um conflito entre governo e oposição que transformou as ruas da capital Kiev em um cenário de guerra. Hoje, a Ucrânia passa por um delicado processo em que algumas partes de seu território estão sendo indexadas pela Rússia. Donetsk, terra de mineradores, não é o epicentro da discussão, mas não consegue ficar totalmente à margem do conflito.
Bernard sente a tensão. Há meses o clube preparou uma espécie de plano de fuga para o jogador, que não pode, por exemplo, receber familiares de forma tranquila. Embora ele evite tocar no assunto, o estafe que o cerca admite que ele deve ser negociado na próxima janela de transferências.
Até lá, porém, ainda tem uma Copa do Mundo a ser disputada, e Bernard não tem sido uma boa opção para Felipão. Hoje, ele voltou ao posto de segundo reserva dos pontas. Quando Hulk teve de deixar o time contra o México, por exemplo, foi Ramires o escolhido para a função.
As oportunidades têm aparecido para ele só no segundo tempo das partidas, mas ele não tem reagido bem. Tanto contra a Croácia quanto diante do México, o atacante errou muitos passes, participou mal do jogo e não agradou. Nos treinos, não tem se destacado no time reserva, e só chamou a atenção quando sofreu uma série de faltas no início da preparação em Teresópolis.
"Acho tranquilo, todo mundo respeita todo mundo. Não tem preferido [do Felipão], tem aquela situação que ele necessita. Tem de ter tranquilidade, continuar trabalhando. Eu não venho fazendo nada diferente, estou tentando evoluir", disse ele na última segunda, após o 4 a 1 contra Camarões.

 Dante ensinou muito mais que o hino do Bahia a seus amigos da seleção alemã
 Dante ensinou muito mais que o hino do Bahia a seus amigos da seleção alemã  Neymar já enfrenta rótulo de jogar melhor na seleção do que no Barcelona
 Neymar já enfrenta rótulo de jogar melhor na seleção do que no Barcelona  Brasil jogou menos e teve desempenho pior contra sul-americanos no pré-Copa
 Brasil jogou menos e teve desempenho pior contra sul-americanos no pré-Copa  Fred conquista revista americana pelo bigode e pela raça
 Fred conquista revista americana pelo bigode e pela raça 





