O grupo de animados torcedores colombianos caracterizados com camisas, bandeiras e pinturas bem que tentou, mas depois de caminhar por quase duas horas pelos gramados do "Eixão" (espécie de avenida) em direção à ponta da Asa Sul em Brasília -- onde ouviram dizer que havia um telão na rua com muitos bares para assistir ao empate do Brasil contra o México -- se deram por vencidos e retornaram andando (não conseguiram tomar um táxi na rua e o ônibus estava "demorando demais") ao shopping center onde a jornada havia começado, no início da tarde, próximo de onde estão hospedados, no Setor Hoteleiro Norte.

Como a partida estava para começar, decidiriam assistir ao jogo por ali mesmo. Era o terceiro jogo que assistiriam no telão montado no saguão do Brasília Shopping e estavam inconformados com a falta de opções de diversão na área central da capital federal. "Queríamos algo diferente, mais autêntico, mas não achamos onde ir", diz frustrado o estudante universitário Ricardo Castaño, de 27 anos, antes de entrar no shopping.

O centro comercial é praticamente a única opção próxima dos turistas que estão hospedados por ali para se alimentar, fazer compras e assistir aos jogos da Copa sem ter que tomar um táxi ou caminhar longas distâncias. Desde que começou a Copa, chama cada vez mais atenção a quantidade de torcedores dos mais variados países que se encontra por ali a qualquer hora do dia -- o local virou ponto de encontro de turistas que não sabem onde ir. Além do centro comercial, há na região mais um shopping em direção ao Congresso -- relativamente próximo -- e outro shopping no Setor Hoteleiro Sul.

"Chegamos na cidade segunda-feira para ver a seleção contra a Costa do Marfim", conta o também estudante universitário Sebastián Alvarez, de 20 anos. "Estávamos com fome e falaram para virmos para cá no hotel, aqui do lado. Acabamos ficando para ver o jogo de Portugal contra a Alemanha", diz. "Voltamos para descansar no hotel e, de noite voltamos para cá por falta de opção, onde assistimos o jogo Gana e Estados Unidos".

"Pela manhã, fomos até o Congresso tirar umas fotos, não encontramos onde almoçar pelo caminho, voltamos para o hotel e decidimos ir onde os brasilienses estavam para ver o jogo, mas não achamos e vamos ver aqui no shopping mesmo", completa o amigo Andre Lopez, de 20 anos.

Em Brasília, quadras (espécie de quarteirões) comerciais que concentram bares e restaurantes, tanto na Asa Norte quanto na Asa Sul do Plano Plioto, ficaram cheias durante o jogo do Brasil, mas estes locais não ficam concentrados em um bairro ou área, como a Vila Madalena e outros bairros em São Paulo, ou a Lapa e a orla no Rio de Janeiro, por exemplo. Assim, não há direção óbvia para um turista que não tem uma dica de onde ir.

'É um lugar diferente'

"É um lugar muito diferente: só há hotéis na zona de hotéis, não tem nada para fazer aqui na região além deste shopping. E você não vê ninguém na rua, parece uma cidade meio deserta, é muito estranho", estranha a cidade o estudante colombiano Mario Del Castillo, de 21 anos, que está no Brasil para acompanhar sua seleção na Copa com os amigos.

Faz parte do projeto urbanístico da capital federal ter a cidade dividia em setores -- assim no setor de hotéis, tanto no norte como no sul, há praticamente só hotéis e poucas opção de comércio, como bares e restaurantes. Nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, Congresso Nacional e Praça dos Três Poderes, principais pontos turísticos de Brasília e próximos aos hotéis, não há um único comércio -- apenas um shopping na Rodoviária do Plano Piloto, que faz a divisa com o setor dos hotéis.

Os comércios fora de shoppings centers ficam nas quadras comerciais das Superquadras do Plano Piloto, que não são visíveis das vias que interligam a cidade, só para quem entra nas quadras. Assim, o transeunte que não sabe onde quer ir pode caminhar ou andar de carro por quilômetros sem achar nenhum comércio ou aglomeração de pessoas.

Para intensificar a sensação de vazio na área central de Brasília, os setores hoteleiros ficam cercados de setores que concentram empresas públicas, ministérios e autarquias -- onde o expediente é encerrado na hora do almoço em dia de jogos do Brasil. A Fan Fest, originalmente programada para ser realizada na Esplanada dos Ministérios, próxima aos hotéis, foi montada em Taguatinga, cidade-satélite da capital no DF.

Apesar da distância, o local tem reunido muitos estrangeiros que estão em Brasília. "Na quarta-feira  vamos cedo para a Fan Fest, pois ficamos aqui até quinta-feira de noite depois do jogo contra a Costa do Marfim e não aguentamos mais ficar no shopping", planeja Andres Fuentes, de 22 anos, outro torcedor colombiano da turma de torcedores. Uma linha de metrô liga o centro de Brasília com o de Taguatinga, de onde é possível chegar na Fan Fest após uma caminhada de cerca de meia hora.

Perto do estádio

No entorno do Mané Garrincha, a aridez de opções encontrada nos setores hoteleiros se repete -- praticamente o único lugar onde ir para beber ou comer algo antes e depois de um jogo na arena é o Brasília Shopping, o mesmo, que também fica lotado em dia de e evento no estádio. 

Antes e após o primeiro jogo da Copa em Brasília, a virada Suíça sobre o Equador por dois a um no domingo (15), o local ficou lotado de torcedores.