Fan Fest é suspensa em dia de caos generalizado em São Paulo
Vanessa Ruiz e Vinícius Segalla
Do UOL, em São Paulo
Se no dia da estreia do Brasil os problemas em São Paulo foram causados pelos protestos anti-Copa, no segundo jogo, empate sem gols com o México, foi a cidade que não deu conta da quantidade de pessoas nas ruas. Não houve manifestações, mas o paulistano enfrentou trânsito, caos no transporte público e tumulto na entrada da Fan Fest oficial da Fifa, que precisou ser suspensa após a transmissão da partida segundo informações da Polícia Militar.
A área delimitada para o evento oficial da Fifa, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, lotou mais de uma hora e meia antes do início do jogo entre Brasil e México. Alguns torcedores encontraram locais de onde era possível ver o telão mesmo do lado de fora, mas a maioria teve que se contentar em ouvir apenas a narração e esperar pelo grito de gol que não veio.
Outras pessoas, no entanto, se revoltaram com a impossibilidade de entrar, tentaram invadir o evento e foi preciso acionar a Tropa de Choque para reforçar a barreira feita já naquele que seria o início da fila de entrada. Para tentar controlar a situação, spray de pimenta foi usado. O gás se espalhou pela região afetando inclusive quem não estava envolvido na confusão. A cada vez que a linha do Choque dava um passo adiante, torcedores corriam para longe do local, espalhando pânico.
Em nota, a Polícia Militar ressaltou que o limite de 25 mil pessoas cumpre o laudo do Corpo de Bombeiros por questões de segurança. "As pessoas chegaram a arremessar objetos e a hostilizar policiais, havendo a necessidade de intervenção. Apesar desse episódio, a ordem foi retomada sem consequências mais graves", informa a nota.
Segundo a mesma nota da PM, o evento, que deveria se estender até as 22h, foi interrompido momentos após o final da transmissão do jogo, quando houve nova tentativa de invasão. Antes disso, um outro acidente havia acontecido na parte de dentro. Uma grade cedeu e houve feridos, mas a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo não soube confirmar quantos porque todos foram atendidos no ambulatório local e nenhum precisou ser encaminhado a hospitais.
A Subprefeitura da Sé também emitiu nota dizendo que haverá uma reunião nesta quarta-feira entre poder público e organizadores para apurar exatamente o que aconteceu (desde o caos na entrada até a influência na programação oficial) já que, depois do tumulto, as informações ficaram desencontradas e somente a Polícia Militar, que não está entre os responsáveis pela Fan Fest, se manifestou.
Trânsito congestionado e confusão no transporte público
Este foi o fechamento de um dia confuso vivido pelos paulistanos. Andando pelas ruas desde o início da tarde, era possível sentir uma espécie de tensão no ar: todos queriam chegar em casa o mais rápido possível para acompanhar a partida, o que fez com muitos perdessem o senso, fosse bloqueando cruzamentos e retornando na contramão, no caso do trânsito, ou provocando empurra-empurra no metrô e no portão da Fan Fest.
Às 15h10 desta terça-feira (17), a capital paulista já tinha 300 km de congestionamentos, índice muito acima da média para o horário, que costuma ficar entre 25 km e 51 km. A zona Sul era a mais afetada, com 104 km de lentidão, seguida pela Oeste, com 97 km. O volume de trânsito na tarde desta terça bateu o recorde histórico do pico matinal, que havia sido atingido no dia 6, com 239 km de filas. A CET não monitora os recordes fora do horário de pico.
Prevendo a antecipação do horário de pico devido ao jogo do Brasil o Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a SPTrans e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) operaram desde as 13h com frota total e menor intervalo entre as composições.
Isso não foi suficiente para impedir que a confusão também se instalasse nas estações de metrô da região central da cidade. Por causa da hora do rush antecipada, causada pela liberação de boa parte de trabalhadores para acompanhar à partida, na estação República, que faz a ligação entre a Linha Vermelha e a Linha Amarela, a reportagem do UOL Esporte viu pessoas amontoadas e ultrapassando a faixa de segurança, ficando em zona de risco com a chegada de trens.
A República também é uma das principais estações no caminho do torcedor que vai à Fan Fest. Algumas pessoas ficaram mais de uma hora na estação e desistiram de embarcar. Simplesmente aguardaram sentadas pelo fim do caos. Para piorar, o sistema de som não passava orientações e quase não havia funcionários do metrô para tentar organizar a bagunça.
Assim como poucos encarregados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) foram vistos nas principais avenidas, dentro do metrô tampouco havia agentes de segurança nas plataformas das estações, a ponto de nossa reportagem ter sido abordada uma série de vezes por pessoas que necessitavam de informação e não encontravam funcionários nas áreas após as catracas.