Croatas transformam Posto 5 em festa movida a álcool e fogos

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Montando num quadriciclo, o PM carioca deve ter pensado que se tratava de uma pegadinha. Em plena praia de Copacabana na altura do Posto 5, na tarde desta segunda-feira, um grupo de 20 torcedores croatas fazia uma festa com direito a litros de caipirinha e uma salva – ilegal – de fogos de artifício que a autoridade tinha vindo averiguar. Depois de uma rápida troca de palavras com a única torcedora do grupo, o homem se afasta.

O mistério da cena é logo desfeito por Maja, um croata de 42 anos e que há quatro vive no Brasil, depois de há mais de uma década deixar seu país natal para ir morar na Argentina, numa tentativa de deixar para trás um país ainda ferido pela Guerra dos Balcãs. "Fui conversar com o guarda e pedir que ele não prendesse todo mundo. A gente está tomando cuidado para não machucar ninguém", explicou a croata, num português carregado de sotaque portenho.

Logo ela se juntou ao grupo que saltava e cantava canções invariavelmente falando do prazer de encontrar croatas em algum canto do mundo. Aqueles vinham de diversas partes do mundo e sequer se conheciam antes de terem gravitado para o mesmo pedaço de areia atraídos pela chamativa camisa quadriculada em vermelho e branco da seleção croata.

"Moro na Suíça e encontrei alguns desses caras no aeroporto do Rio enquanto a gente procurava achar um táxi que não custasse muito caro. Algumas dessas pessoas aqui pegaram dinheiro emprestado no banco para poder pagar a viagem e os ingressos", explicou o técnico de informática Josip Sisko, de 32 anos.

Maja, por exemplo, sobrevive vendendo cangas em Copacabana. Não conseguiu o suficiente para bancar uma viagem para alguns dos três jogos garantidos da Croácia no Mundial. "Mas só de encontrar croatas no Rio e fazer a festa com eles é algo que jamais imaginei que fosse ver na vida", disse a moça, aos prantos.

Boa parte do grupo afirmou ter ingresso para a partida contra o Brasil, mas mesmo a turma sem entrada não pretendia ficar para trás. "Vamos todos juntos e quem sabe não dou sorte e consigo uma entrada. O importante vai ser o ambiente de festa", explicava o estudante Marco Zak, de 25 anos, enquanto segurava o que garantia ser a sétima caipirinha do dia.

O ritmo do consumo fez a festa das barraquinhas vizinhas e logo atraiu vendedores de todo o tipo de quinquilharia turísticas. Só o que faltou foi algum tipo de bravata. Os croatas disseram apenas esperar que sua seleção mostrasse coragem diante do Brasil.

"Para falar a verdade, voltaremos para o Rio felizes mesmo se a Croácia perder. A única certeza é que vamos beber muito", concluiu Zak.

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