Felipão ganhou 7 mi de euros e só declarou 255 mil, dizem portugueses

Gustavo Franceschini e Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

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30 jul 2014 - Felipão chega ao Grêmio e assume o time 18 anos após sua saída Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

A Procuradoria-Geral de Portugal apontou, em uma investigação que foi encaminhada à Justiça norte-americana, que Luiz Felipe Scolari ganhou 7.425.438,95 euros (mais de R$ 22 milhões, em valores atuais) em diferentes contratos de cessão dos seus direitos de imagem entre 2003 e 2008, quando comandou a seleção do país europeu. O órgão que corresponde à Receita Federal de Portugal, por sua vez, diz que o técnico só declarou 255 mil euros (R$ 774 mil) desse montante.

A discrepância é só um dos itens que estão sob investigação a respeito da passagem de Felipão por Portugal. Na última terça, a Folha de S. Paulo revelou que o treinador está sendo investigado por crime fiscal grave e lavagem de dinheiro. As infrações, pela lei portuguesa, podem render até 17 anos de cadeia. Felipão nega qualquer tipo de irregularidade.

"Eu fiz todas as minhas declarações de renda corretamente. Em todos os países que trabalhei, sempre declarei meus rendimentos. Tenho absoluta convicção das minhas declarações. Se há algo errado, não é comigo. Que a Justiça apure todos os fatos", disse Luiz Felipe Scolari em nota enviada à imprensa, na última terça.

Os dados sobre Felipão constam de um documento divulgado na última segunda pelo site OffShoreAlert, especializado em crimes fiscais. As 74 páginas, às quais o UOL Esporte teve acesso, mostram como a Procuradoria-Geral de Portugal pediu ajuda às autoridades dos Estados Unidos para que as contas de Scolari, do seu filho Leonardo, e das empresas Chaterella e Flamboyant, todas em Miami, sejam investigadas.

O processo começou em 2008, o pedido dos portugueses foi feito em 2012 e a investigação em solo americano só foi autorizada na semana passada. Os procuradores do país europeu dizem ter razões para acreditar que Felipão recebeu 7,4 milhões de euros ao ceder seus direitos de imagem.

Os valores foram pagos a duas empresas. A holandesa Flamboyant recebeu pouco mais de 133 mil euros (R$ 403 mil) em uma localidade não revelada. Já a britânica Chaterella ficou com o resto do montante (cerca de 7,3 milhões de euros) em uma conta do banco Credit Lyonnais, em Miami, nos EUA.

As autoridades portuguesas pedem, então, que os americanos investiguem o desdobramento do caso. Os promotores querem saber o caminho do dinheiro a partir do momento em que chegaram no Credit Lyonnais. No documento enviado aos EUA, os investigadores europeus dizem acreditar que os valores em questão são do próprio Felipão, que teria camuflado parte de sua renda como "direito de imagem" para sonegar impostos. Ele nega.

O técnico é, no entanto, o personagem principal do inquérito revelado pelo OffShoreAlert. No documento enviado aos EUA, os procuradores portugueses pedem a quebra do sigilo de quatro contas do banco Credit Lyonnais de Miami: a da Chaterella, a da Flamboyant, a de Scolari e a de Leonardo, filho mais velho do treinador.

Procurador-geral do Distrito Sudeste da Flórida, onde a investigação vai se basear nos EUA, Wilfredo Ferrer escreveu um relatório em que aponta algumas transações suspeitas de Felipão. Os dados serviram de base para que Ferrer apontasse, no último dia 5, o seu assistente Sean Cronin como responsável pelo caso.

Em uma dessas transações, Scolari transfere 1,86 milhão de euros (R$ 5,6 mi) de sua conta no banco português BPN para a de seu filho Leonardo, na mesma instituição. Leonardo, por sua vez, envia 1,3 milhão (R$ 3,9 mi) de euros desse montante à sua conta no Credit Lyonnais, em Miami. O próprio Felipão, em outra oportunidade, teria enviado 1,87 (R$ 5,67 mi) milhão de euros direto de Portugal para os EUA.

As transações foram listadas por Ferrer como uma das razões pelas quais os EUA deveriam dar prosseguimento à investigação iniciada em Portugal. A partir de agora, os norte-americanos devem detalhar as movimentações feitas em Miami para verificar se houve, de fato, algum crime nas transações. 

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