Ele chegou à seleção pelo Facebook. Agora, sonha em jogar o Mundial

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

  • AFP PHOTO / SAMUEL KUBANI

    Terrence Boyd, atacante do Rapid Viena, briga por uma vaga nos EUA

    Terrence Boyd, atacante do Rapid Viena, briga por uma vaga nos EUA

Os pais do atacante Terrence Boyd se conheceram na Alemanha, casaram e foram morar em Nova York, mas quando o pequeno Terrence tinha apenas dois anos, o casamento acabou. O pai, americano, ficou no país. A mãe, alemã, voltou à Europa com Terrence.

O bebê virou jogador de futebol e começou a chamar atenção no Hertha Berlin. Um colega de equipe, que já jogava pela seleção americana sub-20, deu a ideia: por que Boyd, tendo raízes americanas, não procurava conseguir um passaporte dos EUA? Se ele virasse cidadão, poderia ter uma chance de ser convocado.

Mas o processo de cidadania implicava reviver uma história de abandono que o garoto preferiria esquecer. Suas palavras, em entrevista por telefone ao UOL Esporte, deixam claro a natureza do sentimento que nutre em relação ao pai.

"Ele não ligou para mim e para minha mãe quando eu era menor. Eu não ligo para ele agora", disse. "Quanto menos contato com ele, melhor."

Ainda assim, o jogador precisava falar com sua família americana se quisesse a chance de jogar pela seleção. Foi aí que ele começou a procurar no Facebook. Alguns cliques depois, ele pediu para ser amigo de um primo que nunca tinha visto. O primo aceitou a solicitação de amizade e passou, por inbox, o telefone de uma tia.

Em pouco tempo, Boyd estava nos EUA para conhecê-los e dar início ao processo de naturalização. O reencontro com o pai não amoleceu o coração de nenhum dos dois. Eles continuam distantes como sempre foram.

"Meu verdadeiro pai é meu padrasto", afirma o atacante, que aos 23 anos defende o Rapid Viena, da Áustria. "Era ele que me levava aos treinos, que estava lá por mim quando eu precisei. Se eu estivesse com meu pai, eu certamente não seria um jogador de futebol."

SONHO

Quando pensa em Brasil, a primeira palavra que vem à cabeça do atacante é "sonho". Um sonho que às vezes parece distante porque ele não é a primeira opção do técnico Jurgen Klinsmann (também alemão) para o comando de ataque americano. Jozy Altidore e Aron Johannsson parecem ter vaga certa no grupo.

Terrence está na briga pela reserva. Seus concorrentes diretos são Juan Agudelo, Chris Wondolowski e Eddie Johnson.

"Vai ser difícil [a disputa pela vaga], mas eu estou concentrado, treinando com muito foco e tentando fazer o máximo de gols que eu puder", disse ele, que em 2012 trocou a reserva do Borussia Dortmund pela titularidade absoluta do futebol da Áustria.

O que pode ajudar o alemão é o fato de o técnico Klinsmann formar uma espécie de embaixada de seu país em solo americano. Se quiser, ele pode escalar facilmente sete jogadores nascidos na Alemanha no time principal, a maioria filhos de militares que estiveram a serviço na Europa.

É por causa desses jogadores que, no dia 26 de junho, a Arena do Recife deve testemunhar um espetáculo curioso: o duelo de alemães-americanos contra alemães-alemães. Os dois times se enfrentarão pela última rodada do Grupo G.

No ano passado, as duas seleções já fizeram um amistoso em Washington. "Foi um jogo diferente para nós porque crescemos lá [na Alemanha] e todos os nossos amigos e família estavam assistindo em casa e, talvez, torcendo contra", afirma Terrence, que entrou no final da partida no lugar de Altidore. Os americanos venceram por 4 a 3.

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