Capello elogia Felipão e diz que hoje Brasil tem estilo europeu de jogar

Fernando Duarte e Julio Gomes

Do UOL, na Costa do Sauipe

Fábio Capello
Fábio Capello

Fabio Capello não é de falar muito. Pelo contrário. O italiano, quase sempre com expressão carrancuda, dá poucas entrevistas e sorrisos. Na Costa do Sauipe, o humor parece estar diferente. De bermuda e camiseta, o técnico da seleção russa passou boa parte da tarde de quarta-feira na recepção do hotel Class, onde estão hospedados os treinadores que aguardam o sorteio dos grupos da Copa do Mundo.

Recebeu a reportagem do UOL Esporte para "algumas perguntinhas". E logo disparou elogios a Luiz Felipe Scolari, seu amigo pessoal. "Eu sei de sua capacidade. Conheço muito bem Scolari e sei do que ele é capaz, sabia que a seleção brasileira iria crescer", comentou. Em março, Brasil e Rússia empataram por 1 a 1 em amistoso no Stamford Bridge, em Londres, com um gol de Fred aos 44min do segundo tempo.

"Com calma, ele escolheu os jogadores de acordo com sua ideia de jogo e montou uma seleção, pelo que vi na Copa das Confederações, muito forte fisicamente, agressiva, dura... europeia, enfim", comentou Capello.

O que vindo de outra boca poderia parecer uma crítica, saindo de Fabio Capello certamente deve ser encarado como elogio. "O Brasil de hoje não tem a fantasia que sempre teve a seleção brasileira, mas é muito sólido na defesa, muito robusto no meio-campo e, na frente, tem Neymar."

"Falta só recuperar o centroavante, que hoje é o que está faltando. Talvez o Diego Costa...", provocou Capello, com um sorriso sarcástico, ao mencionar o atacante brasileiro que preferiu defender a seleção espanhola. Deu a deixa e logo recuou. "Sou amigo de Del Bosque, treinador da Espanha, amigo de Scolari, treinador do Brasil, não quero me meter nesse assunto, não."

Nem que quisesse. Ato seguido, foi interrompido por um funcionário do hotel, segundo quem era "proibido fazer entrevistas". Capello falava sobre o forte calor e suas consequências na Copa. "Certamente vai ser um grande gasto de energia aqui mais ao norte do país. O problema será a recuperação entre um jogo e outro...". Ele olhou surpreso para o rapaz do hotel e, no segundo seguinte, voltou a ser Capello. "Finito, ragazzi. Basta!". Nada mais de entrevistas. Nada mais de sorrisos.

As conversas voltaram a ser exclusivas com Oreste Cinquini, manager da seleção russa, também italiano. "Nós não damos entrevistas. Eu, o Panucci (Christian Panucci, ex-lateral a Azzurra, hoje assistente de Capello na Rússia), ninguém. Só o Fabio fala. Se falarmos qualquer coisa, a única coisa que pode acontecer é gerarmos um ambiente conturbado", explicou Cinquini ao UOL Esporte. Capello aproveitou e saiu de fininho. Já havia falado bastante para o gosto dele.

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