Reunião da Fifa escancara atraso de estádio de Curitiba
Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos
Do UOL, na Costa do Sauípe
A reunião da cúpula da Copa-2014 evidenciou que a Arena da Baixada será entregue após o prazo estipulado pela Fifa, que é final de dezembro. O estádio está na lista das principais preocupações da entidade, juntamente com o Itaquerão após o acidente que matou dois operários. O estádio de Curitiba, além do atraso, ainda tem orçamento estourado e problemas de financiamento.
Tanto que o presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, foi chamado a dar explicações ao COL (Comitê Organizador Local) e à Fifa neste encontro na Costa do Sauípe. Era visível a preocupação de membros do comitê com o estádio ao deixar a reunião.
Os pontos críticos são o gramado e as garantias para um novo financiamento junto ao BNDES. A demora na entrega do campo coloca em risco o plano da Fifa de fazer o primeiro evento teste do estádio em janeiro. A indefinição sobre o financiamento pode causar mais atrasos na obra.
Ao final da reunião, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), disse ao UOL Esporte, que irá conversar com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), sobre os problemas.
De acordo com Reginaldo Cordeiro, secretário municipal da Copa do Mundo em Curitiba, a Fifa queria o primeiro teste no estádio no dia 26 de janeiro, mas o clube informou ontem que o gramado deve ficar pronto só no dia 21 do primeiro mês de 2014, ou seja, bem depois do final de dezembro.
"A Fifa avaliou que é muito pouco tempo para que possa ser feito um jogo no dia 26, por isso ainda não há uma definição sobre quando será o teste inicial", disse Cordeiro, que participou do encontro. Ele também afirmou que o presidente do clube paranaense garantiu que no dia 15 de janeiro serão concluídas a construção da cobertura metálica do estádio e a colocação de dez mil cadeiras. Atualmente, a previsão de inauguração oficial do estádio é para 26 de março, segundo o secretário.
Também segundo Cordeiro, não ficou definido quem dará as garantias para um novo financiamento do BNDES de aproximadamente R$ 60 milhões. Esse será o terceiro empréstimo, necessário porque o orçamento da obra estourou pela segunda vez.
"As despesas relativas à Copa são divididas entre Prefeitura, Estado e Atlético. Mas ficou combinado que se houvesse estouro o clube teria que arcar com a diferença, por isso as garantias precisam ser do Atlético. Mas o presidente do clube não deixou isso definido na reunião", declarou o secretário. Segundo ele, caso o BNDES não libere o dinheiro, a Fomento Paraná, instituição financeira ligada ao governo do Estado vai emprestar a verba, mas quer garantias de que vai ser paga.
Procurado pela reportagem logo após a reunião, o presidente do Atlético-PR não disse que não daria entrevista. Ricardo Trade, CEO do Col, afirmou apenas que os representantes de Curitiba estavam lá para "falar de seus prazos". Por sua vez, a assessoria de imprensa do COL nega preocupação com o estádio de Curitiba e diz que reuniões como a desta segunda acontecem com os representantes de todos os estádios.
Os problemas na arena do Atlético-PR têm sido constantes. A cobertura retrátil prevista no projeto inicial foi descartada para evitar mais atrasos. Agora, se somam ao acidente do Itaquerão. Com isso, dois dos seis estádio em construção não devem ficar prontos até o final do ano.
Após os seguidos atrasos na Copa das Confederações, a Fifa sempre ressaltou a importância de os estádios restantes cumprirem a data-limite para o Mundial. Apesar das promessas do governo federal, isso não ocorrerá.