Torcedor do Corinthians, Marcos Paulo Cabral de Lima, 39 anos, estava na entrada do Itaquerão no momento do acidente que matou dois funcionários da obra. Lima diz ter visto a estrutura metálica da arquibancada quebrar em três pedaços e relata o estrondo provocado pela queda de parte da arquibancada.

"Foi um barulho enorme. Uma coisa muito feia. Parecia terremoto", relatou.

Morador de Itaquera desde 1971, Lima costuma almoçar dentro da área do estádio corintiano. Ele é amigo de um engenheiro da obra. Nesta quarta-feira ele teve acesso ao local.

"Eu vi o Andrés Sanchez chorando lá dentro, muito abalado. Tem muita gente triste".

A Odebrecht, responsável pela construção do estádio, não explicou a causa do acidente. Serão feitos estudos para verificar se a queda de parte da arquibancada impedirá o estádio de receber o primeiro jogo da Copa do Mundo. Já o Corinthians emitiu nota oficial lamentando o ocorrido e decretou luto de sete dias.

De acordo com o coronel Jair Paca, da Defesa Civil, ainda há o risco de novos desabamentos na área atingida pelo guindaste. "Estamos fazendo uma análise da área, a interdição já foi realizada. Parte da estrutura não está firme e ainda há risco de que possa acontecer algo no local. É arriscado entrar sem equipamento adequado", afirmou à TV Record.

A área leste é onde estava mais avançada a obra do Itaquerão. Tanto que foi ali que se realizou a festa de aniversário do Corinthians, em setembro. Banheiros e o acabamento de alvenaria já tinham sido feitos. O acidente atingiu o painel de led do estádio, que fica desse lado.

O outro lado, a área oeste, que é o mais nobre e com lugares premium, ainda necessitava de acabamento em alguns pontos. 

O acidente matou dois funcionários. O curitibano Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, era casado e pai de três filhos. Era quem controlava o caminhão no momento do acidente. A outra vítima é Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44 anos, natural do Ceará. Ronaldo era casado e pai de uma única filha.

A inauguração do estádio estava prevista para 5 de janeiro, data determinada pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que dificilmente será cumprida por conta desse acidente. Haverá uma reunião de emergência entre o COL (Comitê Organizador Local) e Odebrecht. A organização da Copa de 2014 já foi informada sobre o acidente.