Com aval de Dilma, Fifa usa Forças Armadas como trunfo para segurança
Fernando Duarte
Do UOL, em Salvador
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REUTERS/Roberto Stuckert Filho
Dilma encontra Joseph Blatter, presidente da Fifa: até Forças Armadas contra os saques
A Fifa (Federação Internacional de Futebol) já informou a seus parceiros comerciais, incluindo patrocinadores, que o governo brasileiro poderá usar as Forças Armadas para conter excessos de manifestantes na onda de protestos em cidades-sede de jogos da Copa das Confederações.
Em conversas durante a semana sobre medidas de segurança com representantes de patrocinadores e outras empresas envolvidas com a Copa das Confederações, o secretário-geral da entidade, Jerome Valcke, disse ter recebido do governo garantias de que as Forças Armadas estarão à disposição para reforçar a segurança e aliviar o clima de incerteza que envolveu a competição.
Se o discurso feito na noite de sexta-feira pela presidente Dilma Rousseff deu pistas de que um endurecimento do aparato de segurança está nos planos para conter saques e depredações, o UOL Esporte apurou que a Fifa já tinha recebido o aval de Dilma horas antes, tendo inclusive pedido a seus parceiros que "preparem o espírito" de funcionários e convidados para uma segurança mais ostensiva em entornos de estádios e hotéis. A entidade enfim conseguiu passar para o governo brasileiro um pouco da pressão que vem sofrendo por conta do clima tenso envolvendo alguns estádios e partidas.
O UOL Esporte apurou junto a mais de uma fonte ligada aos parceiros comerciais que a Fifa atendeu aos pedidos deles para providenciar escolta no traslado de ônibus de convidados para os jogos da Copa das Confederações deste sábado, incluindo Brasil x Itália, em Salvador. Além disso, VIPs e afins encontrarão os portões dos estádios abertos uma hora mais cedo para evitar um possível fogo-cruzado entre manifestantes e policiais,
Belo Horizonte, onde já há prontidão do exército para auxiliar na segurança, é uma das cidades que preocuparam os parceiros da Fifa depois da intensificação dos protestos. Por ser uma das sedes de uma das semifinais, a cidade deverá ter grande presença de convidados para os pacotes de hospitalidade corporativa.
Nos últimos dias, a Fifa se viu alvo de muitas críticas depois de os protestos respingarem na Copa das Confederações. Patrocinadores se incomodaram com a perda de espaço do torneio na mídia nacional e internacional em meio às imagens de confrontos e os relatos de convidados sendo intimidados a caminho de estádios deixaram preocupadas as empresas que usam camarotes e mimos como parte de suas operações de marketing e relacionamento com clientes.
Os patrocinadores também relatam casos de vandalismo, como a destruição do Terreirão, espaço no centro do Rio de Janeiro preparado pela Coca-Cola para ativações de marca, e o UOL Esporte apurou que funcionários a serviço das empresas estão de deslocando à paisana, com medo de ataques por parte do público. Patrocinadores e empresas prestadoras de serviço contrataram pessoal extra para cuidar da segurança de convidados e contrataram mesmo serviços na área de inteligência para criar planos alternativos de acesso.
Valcke reiterou a parceiros que não há possibilidade da Fifa suspender a Copa das Confederações e que problemas relatados foram uma minoria nas oito partidas do torneio realizadas até agora. Mas problemas como o ataque ao hotel da Fifa em Salvador fizeram com que convidados tenham desistido de viajar para a cidade para acompanhar Brasil x Itália.
Protestos na Copa das Confederações
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