Base nordestina da seleção passou sem destaque por clubes da região
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Salvador
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Sergio Lima/Folhapress
Hulk cumprimenta Hernanes ao ser substituído; dupla forma o bloco nordestino da seleção atual
Pela primeira vez desde a Copa do Mundo de 2002, a seleção brasileira chega a uma grande competição com mais de dois nordestinos em seu elenco. Daniel Alves, Dante, Hernanes e Hulk, no entanto, não representam revolução alguma no futebol local, tendo construído pouca ou nenhuma história nos clubes da região, que recebeu Felipão e companhia em Fortaleza nos últimos dias e agora abrigará o confronto com a Itália, no próximo sábado, em Salvador.
Dos quatro, Daniel Alves, Dante e Hulk passaram a maior parte da carreira na Europa, sendo que o lateral é quem ainda viveu mais de perto a realidade dos clubes do Nordeste. Natural de Juazeiro (BA), o hoje astro do Barcelona começou nas categorias do Bahia, passou pela seleção de base e estreou no time profissional no segundo semestre de 2001.
Depois de menos de um ano de boas atuações, ele foi emprestado para o Sevilla, da Espanha, onde começaria a sua carreira no continente. "Fonte Nova vai ser especial. Foi onde tudo começou. Dei o pontapé inicial lá", disse Daniel Alves, referindo-se ao jogo deste sábado, na Fonte Nova, quando a seleção encerrará sua participação na primeira fase da Copa das Confederações.
Outro que vai rever Salvador é Hulk. Paraibano de Campina Grande, ele foi formado nas categorias de base do Vitória, mas deixou o clube depois de ter feito apenas um jogo pela equipe profissional. Aos 20 anos, ele deixou o Barradão para se arriscar no Japão e também construiu a maior parte da carreira no exterior.
Dante completa a lista dos que viveram pouco o futebol brasileiro em geral. O zagueiro, que é de Salvador, foi revelado pelo Juventude em 2002 e por lá permaneceu até dois anos depois, quando foi para o Lille, da França.
O último do bloco nordestino da atual equipe de Luiz Felipe Scolari é o único que teve uma experiência considerável no país. Hernanes é de Aliança, em Pernambuco, mas surgiu na base do São Paulo, onde foi bicampeão brasileiro em 2007 e 2008.
Juntos, eles compõem a seleção mais nordestina desde os primeiros tempos de Luiz Felipe Scolari. Na Copa do Mundo de 2002, Dida, Júnior, Vampeta, Rivaldo e Edílson representavam a região no time que ganhou o penta. Em 1998, foram outros cinco convocados por Zagallo, contra quatro do tetra em 1994, com Parreira.
Desde 2002, no entanto, os nordestinos passaram a perder espaço na seleção. Nas duas Copas do Mundo e nas três Copas das Confederações que ocorreram desde então, o Brasil só teve no máximo dois jogadores nascidos da região em seus elencos. Até por isso, a seleção atual espera um tratamento VIP em Salvador.
"Não somos acostumados a ver a seleção aqui no Nordeste, são poucas vezes que vem. E aí querem aproveitar um pouquinho da gente, ver os ídolos", explica Hulk, que espera festa na capital baiana.