Software vai vasculhar internet para coibir violência na Copa das Confederações
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Brasília
Um pool de empresas, em parceria com a FPF (Federação Pernambucana de Futebol) e o Governo de Pernambuco vão lançar, nesta sexta, um software que varre a internet em busca de pistas sobre atos de violência para auxiliar a inteligência da polícia. O programa promete compilar informações de redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram para tentar antecipar confusões em grandes eventos, e ficará disponível já na Copa das Confederações.
"A ferramenta tenta cruzar todas as informações disponíveis para dar informação à policia. A gente monitora a informação, e cruza dados, juntamente com a inteligência tecnológica policial já existente. No fim das contas, o sistema tem de identificar algo que dê subsídio à ação da polícia", disse Rodrigo Dória, diretor-executivo da Neurons, uma das três empresas envolvidas no projeto.
Trata-se de uma grande base de informações públicas colhidas em toda a internet, que busca palavras-chave e mapeia incidentes, fornecendo locais, motivações e o nível de risco do ato em questão. A ideia é que, com isso, a polícia possa reagir mais rapidamente a uma situação de perigo em um evento de grande porte.
O projeto nasceu de mapeamentos semelhantes que servem para monitoramento empresarial. A ideia foi usar o mesmo sistema de reunião de dados online em uma lógica de combate à violência. A proximidade com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, então, virou o mote perfeito para o software.
Além da Neurons, se envolveram no desenvolvimento a Sucinta e a Sinapse, todas especializadas em projetos de tecnologia. A FPF fez a intermediação entre o pool e o governo do Estado de Pernambuco. O investimento, segundo a federação e Dória, é privado.
Juntas, as três empresas teriam aportado cerca de R$ 3 milhões ao longo dos últimos anos para poderem desenvolver a base do software. Se a iniciativa funcionar em Pernambuco, a ideia é que ela seja vendida a outras regiões do país e até do exterior, o que justificaria o investimento inicial no projeto.
Os desenvolvedores esperam que, no futuro, o programa possa mapear com eficiência problemas cotidianos da polícia e até ajudar em ações como o tráfico de drogas. Hoje, porém, ele está focado na prevenção de incidentes durante grandes eventos. Embora não seja uma ferramenta oficial do COL (Comitê Organizador Local), ela poderá ser usada na Copa das Confederações, dizem os envolvidos.
"A gente vai iniciar mecanicamente e disponibilizar para os setores de segurança. Não sei se vai ser usado, necessariamente, até porque o público da Copa das Confederações é diferente. Não acredito que vai haver demanda, mas se tiver acesso ele pode ser acionado pelas autoridades", disse Evandro Carvalho, presidente da FPF.
Segundo os envolvidos, só a polícia, em uma única base física, terá acesso aos dados compilados. Por uma questão de segurança, os dados ainda são alocados em diferentes centros de armazenamento, igualmente com acesso restrito aos oficiais.
A preocupação com a divulgação do material colhido se deve também à repercussão negativa que teve a divulgação de que o governo norte-americano estaria rastreando e-mails de suspeitos na internet. "Todo o sistema funciona direcionado para a violência, ele age por uma colmeia, em bases consideradas críticas. Ele desconhece pessoas, identidades. O que ele procura é o incidente", promete Evandro Carvalho.
"Tem um termo de confidencialidade que a gente assina. É um crime a quebra de sigilo. Nossos são as informações abertas. É com essa informação que a gente vai trabalhar", disse Wilson Damázio, secretário de Defesa Social de Pernambuco.
O lançamento oficial do software acontecerá nesta sexta, em um evento que reunirá a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, a FPF e o trio de empresas envolvido.