Seleção brasileira dorme ao lado de Dilma em hotel histórico de Brasília

Gustavo Franceschini, Ricardo Perrone e Mauricio Stycer

Do UOL, em Brasília

Em Brasília, a seleção brasileira está longe do público, mas bem perto da presidente. Instalada no Brasília Palace Hotel, a equipe de Luiz Felipe Scolari está isolada pela geografia da capital e pelo forte esquema de segurança que a acompanha, mas terá Dilma Rousseff como vizinha de luxo ao lado do lago Paranoá.

O hotel da seleção está a 1,3 km do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente. A situação não deixa de ser curiosa. A falta de proximidade com Dilma é um dos grande problemas da gestão de José Maria Marin, que não é recebido pela política petista em conferências privadas.

Na planta de Brasília, desenhada por Lúcio Costa na época da construção da cidade, o lago Paranoá fica no bico da aeronave, em uma ponta da capital, a 11 km do estádio Mané Garrincha.

A região, por conta da moradora ilustre, já é tradicionalmente cercada de muitos seguranças. Com Neymar e companhia, ela ficou ainda mais fechada. Na última quarta, logo após a chegada da seleção, um desavisado que passasse na avenida que liga o hotel ao Palácio estranharia a quantidade de policiais e o controle de entrada na rua que dá passagem para o Brasília Palace.

Entrar no hotel é um luxo permitido apenas a hóspedes e funcionários, e seguranças no portão de entrada garantem o veto a visitantes indesejados. A patrulha existe até pela água, com uma ronda constante no lago Paranoá.

É mais um capítulo de "blindagem" à seleção na preparação para a Copa das Confederações. Até agora, o time só fez um treino aberto ao público. Em Goiânia, onde a equipe passou a maior parte do tempo, a CBF chegou a fechar o hotel para impedir qualquer contato dos jogadores com o ambiente externo.

Em Brasília a preocupação não será tão grande. A seleção terá três andares à sua disposição, mas dividirá o hotel com os demais hóspedes. Até equipes de TV foram autorizadas a ficarem no mesmo local, política vetada pela CBF em Goiânia.

Os portões fechados ao público e aos demais jornalistas, no entanto, não teria sido uma iniciativa da entidade. Questionada pela reportagem, a CBF informou que o Brasília Palace preferiu restringir o acesso ao saguão, por exemplo, por questões de segurança e pelo temor que um tumulto pudesse incomodar os demais hóspedes. Procurado, o hotel não se manifestou até o fechamento da reportagem.

Isolados, os jogadores poderão ao menos dizer que conheceram um ponto marcante da capital federal. O Brasília Palace foi o primeiro hotel erguido na época da construção da cidade, nos anos 1950, e serviu como "casa" de engenheiros e políticos até a finalização das obras.

O projeto original, assim como o de quase todos os edifícios mais importantes de Brasília, é de Oscar Niemeyer. Hoje tombado pelo Patrimônio Histórico, o hotel já passou mais de duas décadas fechado, por conta de um incêndio em 1978 que destruiu parte das instalações.

Em 1991, um movimento de artistas passou a cobrar as autoridades locais pelo suposto descaso com um local de valor histórico. Seis anos depois, o processo de reforma do Brasília Palace foi finalmente iniciada, e seria encerrado somente em 2006, novamente com a supervisão de Oscar Niemeyer.

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