Estreia do Brasil na Confederações provoca corrida de deputados por ingressos

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em Brasília

  • Ricardo Stuckert/CBF

    Política nos bastidores é comum em jogos da seleção; em Porto Alegre, Tarso Genro recebeu Marin

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A partida de abertura da Copa das Confederações entre Brasil e Japão, sábado, em Brasília, provocou uma corrida por ingressos na Câmara dos Deputados. Com dificuldade para comprar bilhetes pelo sistema normal, os parlamentares apelaram para contatos com patrocinadores e dirigentes, especialmente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para poderem ir à partida.

"As pessoas me encontram e me pedem ingresso, mas eu não tenho", diz o deputado José Rocha, menos íntimo da cúpula da CBF agora do que na era Ricardo Teixeira. Ele afirma que não foi convidado.

O jogo entre Brasil e Japão é chave para os deputados. Será o único da Copa das Confederações a ser realizado na capital federal, quando toda a mídia e a maior parte dos convidados VIP estarão na cidade. Estar no Mané Garrincha, então, representa uma oportunidade de lazer e também de trabalho.

Bom trânsito com Marin e seu escudeiro Marco Polo Del Nero é uma vantagem para quem ainda busca bilhetes. A dupla se trancou numa sala da Federação Paulista para definir quem seria contemplado com seus ingressos.

Fonte ligada à CBF diz que a lista prioriza os deputados da bancada da bola, mas que os dirigentes fazem sigilo sobre os convidados. Marco Maia (PT-RS), que mantém boa relação com a cúpula da CBF e presidia a Câmara na aprovação da Lei Geral da Copa, está entre os que foram contemplados.

"Recebi o convite da Fifa, mas não sei se poderei ir porque tenho que participar de um evento com o ex-presidente Lula em Canoas (RS), minha cidade", disse o deputado.

O atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também recebeu convite da Fifa (Federação Internacional de Futebol), segundo sua assessoria de imprensa, mas não poderá ir ao jogo porque estará em missão oficial na Rússia.

Sócio de Marco Polo Del Nero e relator da Lei Geral da Copa, Vicente Cândido (PT-SP) afirma que não foi convidado. Ele, no entanto, esteve nas tribunas do Maracanã e da Arena Grêmio nos dois últimos amistosos da seleção, contra Inglaterra e França, respectivamente.

Outros com menos contatos no mundo do futebol usaram seu trânsito com empresas para garantir lugar no estádio Mané Garrincha. É o caso do deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), que foi convidado pela Vivo. Outros, como Darcísio Perondi (PMDB-RS), também foram convidados, mas não poderão comparecer por problemas de agenda.

Os patrocinadores escolhem os destinatários dos ingressos a que têm direito de acordo com seus interesses, já que mantêm contato constante com os parlamentares. Os convidados são aguardados em áreas de convivência próximas ao estádio, onde aproveitam a hospitalidade das empresas e permanecem até quase o horário do jogo, quando rumam para o local da partida.

O processo é antigo e beneficia aqueles que possuem melhor trânsito entre os poderosos. Não é incomum que deputados procurem colegas bem relacionados para pedirem ingressos. Quem não tem acesso, por sua vez, faz pouco caso. Dizer que nunca teve interesse de ir ao estádio é, muitas vezes, uma saída fácil para evitar a imagem de desprestígio político.

Além de parlamentares, presidentes de federações estaduais e de clubes da Série A foram lembrados para o jogo inaugural. O convite partiu da CBF, com direito a passagem e estadias pagas pela entidade, que terá eleição no primeiro semestre do ano que vem. Os eleitores são justamente os presidentes de federações e de clubes.

José Maria Marin, presidente da CBF
José Maria Marin, presidente da CBF

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