Copa fica R$ 3,5 bilhões "mais barata" devido a atrasos em obras de SP e Manaus
Aiuri Rebello e Vinicius Konchinski
Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
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Divulgação
Projeto do monotrilho de Manaus: obra ainda não saiu do papel e não possui prazo para ser entregue
Uma reunião realizada em Brasília nesta quarta-feira reduziu em R$ 3,5 bilhões o custo total das obras que são realizadas atualmente no Brasil para a Copa do Mundo de 2014. O valor total dos projetos, que somava R$ 29,2 bilhões até o final de novembro, caiu para cerca de R$ 25,7 bilhões após o encontro que revisou a Matriz de Responsabilidades do Mundial, documento firmado por União, Estados e cidades-sede e que traz as obras que devem ser executadas para o torneio.
A redução no custo, porém, não deve ser comemorada. A Copa do Mundo só ficou "mais barata" porque governos desistiram de entregar até o início do torneio todas as melhorias no transporte público de São Paulo e Manaus incluídas na lista de projetos elaborada em 2010.
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Obras do monotrilho em São Paulo: atraso faz com que Copa do Mundo de 2014 fique mais barata
Na reunião, foi oficializado que a capital paulista não terá mais uma linha de monotrilho para levar turistas do aeroporto de Congonhas até a zona sul durante a Copa. Conforme o UOL Esporte já havia noticiado, o governo paulista admitiu que não há mais tempo para entregar a obra. Assim, os R$ 1,88 bilhão que seria gasto no projeto saiu do orçamento do Mundial.
Mesma história
O mesmo aconteceu com as obras de mobilidade de Manaus. O monotrilho da cidade e um corredor de ônibus que passaria pelo setor hoteleiro também foram retirados da Matriz de Responsabilidades. Com isso, o custo da Copa caiu R$ 1,3 bilhão e R$ 290 milhões, respectivamente.
A lista de obras para o Mundial já sem os três projetos deve ser publicada pelo governo federal na semana que vem. O Ministério do Esporte confirmou na noite de quarta-feira as alterações na Matriz e informou que elas foram solicitadas por governos locais.
O governo de São Paulo enviou um ofício ao Ministério do Esporte e ao Ministério do Planejamento em novembro pedindo a exclusão do monotrilho da lista de obras. Já que não haveria tempo para concluí-la até o torneio, o Estado quer que a obra entre em outro programa federal de incentivo a melhorias no transporte, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade, e seja entregue posteriormente.
Obras da Copa
'Não há prejuízo'
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A mesma manobra deve ser feita pelo governo do Amazonas. A exclusão do monotrilho da Matriz foi solicitada pelo Estado em agosto. Já o pedido para a retirada do corredor de ônibus, também chamado de BRT, foi feito novembro.
De acordo com a Unidade Gestora do Projeto Copa do Amazonas, as retiradas não trarão prejuízo à realização do Mundial do Estado. "O plano de mobilidade para a Copa, aprovado desde 2011 pela Fifa, inclui somente o atual sistema de transporte coletivo da capital", informou o órgão.
Já o governo de São Paulo informou que o monotrilho foi incluído na lista de obras da Copa na época em que o Morumbi era o estádio paulista do Mundial. Como os jogos serão no Itaquerão, a obra não é mais essencial para o transporte de turistas e torcedores. "Ainda que todos os esforços estejam sendo realizados para que a Linha 17-Ouro possa iniciar sua operação antes da Copa do Mundo, não é uma obra necessária para que o evento ocorra", informou a Secretaria de Transportes Metropolitanos, em nota.
Outros casos
No dia 28 de setembro, o governo federal confirmou que o a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Brasília, outra das cidades-sede, havia sido retirado da Matriz a pedido do governo do Distrito Federal, já que também não ficaria pronto para o Mundial. O VLT ligaria o aeroporto da capital ao Terminal da Asa Sul.
A obra, que tinha previsão de entrega para janeiro de 2014, não tem nova data para terminar. Do custo estimado de R$ 276,9 milhões, a obra teria um financiamento de R$ 263 milhões da Caixa. Agora, os recursos irão sair do PAC Mobilidade, de acordo com o Ministério do Planejamento.
Também foi retirado do documento o Corredor Expresso Norte-Sul em Fortaleza, um dos sete projetos da área de transporte urbano da cidade previstos inicialmente para o Mundial. A construção de corredores de ônibus BRT (Bus Rapid Transport) em Salvador também foi excluída do planejamento para a Copa.