O investimento público em estádios da Copa do Mundo de 2014 foi criticado nesta terça-feira por uma das pessoas que ajudou a organizar o Mundial no Brasil. Eduardo Antonini, que já foi secretário extraordinário da Copa do Rio Grande do Sul, afirmou que governos deveriam se preocupar com a infraestrutura das cidades-sede e deixar que a construção das arenas fosse paga pela iniciativa privada.

"O Brasil poderia ter adotado um modelo diferente", disse Antonini, em palestra no Footecom, um fórum sobre futebol realizado no Rio de Janeiro. "O governo deveria ter investido em mobilidade, nos aeroportos e ter deixados os estádios ao privado. Perdemos uma oportunidade"

Quando o Brasil conquistou o direito de ser sede da Copa do Mundo, em 2007, a ideia é que a construção ou reforma em estádios do Mundial fossem bancadas por empresas. Ricardo Teixeira, que era presidente da CBF e do comitê de candidatura do Brasil à sede do torneio, havia afirmado naquela época que o país realizaria a "Copa da iniciativa privada".

Cinco anos depois, um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que apenas 15,5% dos gastos com as arenas estão sendo bancados por empresas ou clubes. Os 84,5% restantes saem de caixas de governos ou de financiamento de bancos estatais.

Para o ex-secretário, isso está errado. Segundo ele, são os clubes quem sabem quanto podem ganhar ou perder com a reforma ou construção de um estádio. São eles, então, quem devem realizar qualquer obra nas suas arenas, que temporariamente serão usadas na Copa.

Antonini esteve à frente da Secretaria Extraordinária da Copa do Rio Grande do Sul (Secopa-RS) em 2010. Saiu do governo para assumir a vice-presidência do Grêmio e colaborou com o projeto de construção do novo estádio do clube, a Arena Grêmio, que será inaugurada no sábado.

Segundo ele, a construção do estádio do Grêmio comprova que clubes têm condições de erguer arenas compatíveis com as exigências da Fifa sem dinheiro público. Disse ainda não entender como a Arena Grêmio não sediará jogos da Copa já que estará pronta antes do novo Beira-Rio, estádio de Porto Alegre que está sendo reformado para o Mundial de 2014.

"Quem tem que explicar isso é a Fifa", ironizou. "A escolha dos estádios é menos profissional do que se pensa. Tem muita política envolvida e muita pergunta sem resposta."