Governo baiano gastará R$ 55 mi para atender exigências extras da Fifa na Arena Fonte Nova
Roberto Pereira de Souza
Do UOL, em Fortaleza (CE)
-
Arena
Obras da Arena Fonte Nova, em Salvador, serão integralmente pagas pelo governo da Bahia
O contribuinte baiano terá de colocar a mão no bolso mais duas vezes para poder ver, em Salvador, os jogos da Copa das Confederações (junho de 2013) e da Copa do Mundo (junho de 2014). A despesa extra de cerca de R$ 55 milhões não está prevista no custo final de construção da Arena Fonte Nova, fechado em R$ 591 milhões, e divulgado pelo Ministério do Esporte e pelo governo estadual.
A nova verba será para pagar a instalação de camarotes da Fifa (Federação Internacional de Futebol), área comercial de patrocinadores, lojas externas da arena e cabeamentos elétricos e eletrônicos. A estrutura será montada e desmontada duas vezes, uma para cada competição.
SALVADOR NÃO ESTÁ SOZINHA
-
Ao receberem as requisições finais da Fifa para instalações provisórias, as cidades-sede da Copa ficaram assustadas com o aumento de custo com seus estádios e já pediram ajuda ao governo federal. LEIA MAIS
A chefe de gabinete da Secretaria da Copa da Bahia, Lilian Pitanga, confirmou ao UOL Esporte a necessidade de processo de licitação para a primeira montagem da estrutura provisória, bem como os valores que o Estado pretende investir.
"Estimamos gastar até R$ 20 milhões para a Copa da Confederações e cerca de R$ 35 milhões com os trabalhos de montagem da estrutura da Copa do Mundo˜, disse a chefe de gabinete da Secopa.
De acordo com ela, "o contrato de PPP (parceria público-privada) assinado com as construtoras Odebrecht e OAS não previa obras provisórias, nem instalações externas ao estádio".
"O contrato de construção civil é de obra fixa, nada tem a ver com essa estrutura provisória. O contrato de construção foi assinado antes e, portanto, não contempla as áreas de acomodação que serão desmontadas", explicou.
Na última quarta-feira, foi realizada a primeira audiência pública com promotores e interessados em participar da licitação para montar as estruturas provisórias: "É o primeiro passo para colocarmos o processo em discussão aberta. Algumas empresas interessadas fizeram perguntas interessantes e, até o final deste mês, publicaremos o edital de licitação", disse a chefe de gabinete da Secopa baiana.
Qualquer empresa com habilitação técnica pode participar da licitação, desde que tenha sede em território brasileiro. Após a publicação do edital em novembro, haverá uma reunião com os licitantes na primeira quinzena de dezembro. A segunda reunião para tirar dúvidas técnicas será realizada em janeiro.
"Em fevereiro, teremos a empresa vencedora da licitação e começaremos os trabalhos de montagem da estrutura provisória", informou Pitanga.
Como parte dessa nova estrutura estão centro de hospitalidade da Fifa, a área comercial com as tendas dos patrocinadores, instalações elétricas, ar condicionado, tecnologia de informação e cabeamentos gerais de transmissão. "Desmontaremos tudo em julho e montaremos de novo para a Copa do Mundo", disse Pitanga.
Obras para a Copa de 2014
A situação é semelhante à do Itaquerão, estádio que o Corinthians constrói na zona leste de São Paulo. O contrato assinado pelo clube e a Odebrecht não prevê instalação de qualquer estrutura desmontável, necessárias para a abertura da Copa do Mundo.
No caso corintiano, são 20 mil assentos removíveis, que serão pagos com dinheiro extra ao orçamento original do estádio, os anunciados R$ 820 milhões. O custo pode chegar a R$ 70 milhões, segundo a Odebrecht. Já o governo paulista, que se comprometeu a pagar pelas estruturas, fala em R$ 30 milhões.
Fora isso, ainda no Itaquerão, há uma série de estruturas que a Fifa exige, semelhantes às que serão montadas na Fonte Nova, e que ninguém sabe ainda quem irá pagar. O Corinthians diz que é responsabilidade do governo estadual, que nega.
Na realidade, as instalações exigidas pela Fifa vão impactar o custo dos 12 estádios da Copa. Em julho deste, a Fifa entregou um plano inicial para as instalações provisórias das arenas na competição de 2013. Mas as requisições finais só chegaram no mês de outubro.
Todas as cidades-sede já tiveram acesso às demandas da entidade. Fizeram reuniões entre elas e ficaram preocupadas com os custos envolvidos. Os valores se somam aos cerca de R$ 7 bilhões de custo para a construção ou reforma dos 12 estádios anunciados atualmente. O valor final da conta, ninguém sabe ainda qual será.