Governador do RJ anuncia demolição do Museu do Índio para reformar Maracanã para Copa
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou na quinta-feira que a compra do antigo Museu do Índio foi concluída. O imóvel, que fica exatamente ao lado do Maracanã, será agora demolido para dar lugar a uma área de mobilidade no entorno do estádio.
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Veja o vídeo sobre o projeto de reforma do estádio para a Copa do Mundo de 2014. A obra deve custar R$ 859 milhões e será paga pelo governo do Rio de Janeiro. A previsão de entrega da reforma é fevereiro do ano que vem.
O antigo Museu do Índio pertencia à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), uma empresa do governo federal. Cabral afirmou que a propriedade do local já foi repassada ao Estado do Rio de Janeiro e o pagamento por ela, efetuado. Durante a negociação da área, ela havia sido avaliada em R$ 60 milhões.
Novo dono do imóvel, o governo do Rio de Janeiro planeja integrá-lo ao projeto de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Segundo Sérgio Cabral, a Fifa exige que arenas do Mundial tenham áreas para circulação de torcedores em sua volta. O terreno em que fica o antigo Museu do Índio será transformado em uma dessas áreas, afirmou Cabral.
"Eu já desapropriei e paguei [a área do Museu do Índio]", afirmou Cabral. "Aquilo será uma área de mobilidade. [O prédio] será demolido. A Fifa exige a área de mobilidade para circulação de pessoas."
O prédio do antigo Museu do Índio foi construído no século 19 e está atualmente ocupado por um grupo de indígenas. Esses indígenas moram lá desde 2006. Decidiram viver no local pois ele estava abandonado há anos. Desde então, reivindicam a posse da área para transformá-la em um centro cultural. São, portanto, contrários à demolição do museu.
Desde julho, a Defensoria Pública da União acompanha a situação dos indígenas que moram na área do museu e também a negociação do imóvel. O defensor público André Ordarcgy já esteve no local conversando com os moradores e avaliando as características do prédio.
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Veja como vivem os índios que ocupam a área do antigo Museu do Índio, que deve ser demolido durante a reforma do Maracanã
Segundo ele, o antigo museu tem valor cultural, histórico e arquitetônico. Por isso, não pode ser demolido. Procurado pelo UOL, ele disse inclusive que deve solicitar na Justiça a preservação do museu caso o governo insista na sua derrubada.
Para embasar sua ação judicial, Ordarcgy disse que conta com pareceres do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) que garantem que o prédio não atrapalha a circulação de pessoas no entorno do Maracanã. Conta também com uma carta assinada pelo diretor do escritório da Fifa no Brasil, Fulvio Danilas, informando que a entidade não exige a derrubada no prédio. Pelo contrário, incentiva sua preservação.
Ordacgy disse que uma ação civil pública deve ser protocolada na Justiça Federal tão logo ele tenha informações suficientes sobre a intenção do governo estadual. "Acho isso muito estranho. Todos são a favor da preservação. Só o governo diz que é preciso demolir", afirmou ao UOL.
O governador Cabral disse na quinta que qualquer órgão tem direito de questionar a decisão do governo na Justiça. Ressaltou, porém, que o plano de demolição está mantido e afirmou que não vê nenhum motivo para preservação do antigo museu. "Não tem valor histórico nenhum."
Carlos Tukano, um dos líderes dos moradores da área, não concorda. Para ele, o prédio precisa ser preservado e destinado à divulgação da cultura indígena. Por isso, já avisou que os que hoje fazem parte da Aldeia Maracanã não abandonarão o local. "Vamos lutar até o fim."