Após sobrepreço e bloqueio de empréstimo, Arena Amazônia tem inauguração atrasada em 6 meses
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Divulgação
Estádio de Manaus (AM) vai receber quatro jogos da Copa do Mundo de 2014
Os problemas da obra da Arena Amazônia com a fiscalização apresentam agora suas consequências. Depois do Tribunal de Contas da União (TCU) encontrar sobrepreços no orçamento da construção e bloquear o empréstimo do BNDES, o Governo do Amazonas anunciou que a inauguração do estádio será adiada em seis meses.
A arena de Manaus para a Copa do Mundo de 2014 deveria ser aberta em junho do ano que vem. Entretanto, o próprio governo estadual já admite inaugurá-la só em dezembro.
A mudança deve-se justamente aos entraves do projeto do estádio junto ao TCU. Devido a irregularidades no orçamento da arena, o tribunal determinou que o BNDES parasse de repassar o dinheiro do empréstimo contratado pelo Estado para pagar o estádio. Sem os recursos, a obra diminuiu seu ritmo e a data de sua conclusão teve de ser alterada.
Em abril, o tribunal de contas verificou que o custo do estádio de Manaus estava R$ 86,5 milhões acima do normal. O estádio, que deveria custar cerca de R$ 529 milhões, já estava caminhando para ser concluído a um custo total de R$ R$ 616 milhões.
Segundo o TCU, alguns materiais incluídos no projeto haviam sido orçados com valor acima do de outras obras semelhantes, elevando assim o custo do estádio.
Um relatório do tribunal apontou que o preço de duto para ar condicionado que seria usado na Arena Amazônia custaria R$ 80,82/kg, por exemplo. O mesmo duto comprado para a reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, custava R$ 22,61/kg –diferença de quase mais de 250%.
Cabe ressaltar que a construtora Andrade Gutierrez está entre as responsáveis pelas obras de ambos os estádios. Portanto, para o TCU, não faria sentido ela mesmo orçar um duto para uma arena por um preço e, para a outra, comprar o mesmo duto por quase o triplo desse valor.
Baseado nessas conclusões, foi determinado o bloqueio dos repasses do BNDES. O banco havia se comprometido a emprestar R$ 400 milhões para a obra. Porém, por causa dos problemas no projeto, ficou obrigado a reter cerca de R$ 310 milhões até que tudo fosse resolvido.
Em agosto, o governo de Amazonas revisou o projeto do estádio. Um novo orçamento para a arena foi apresentado: R$ 550 milhões. O TCU aprovou o documento e autorizou o BNDES a retomar os repasses para a construção.
O bloqueio, no entanto, já havia comprometido o cronograma. Segundo o governo do Amazonas, o estádio de Manaus, que tem 45% de suas obras concluídas, será entregue no prazo limite estabelecido pela Fifa.
Isso, claro, se os recursos do do BNDES voltarem à obra. Nesta terça-feira o banco informou que, apesar de já estar autorizado pelo TCU a passar o dinheiro para o estádio, as transferências ainda não foram retomadas por detalhes burocráticos.
O Governo do Amazonas declarou ao UOL que ainda precisa fechar um contrato com uma empresa de auditoria para receber o empréstimo. "O BNDES aguarda a contratação de uma auditoria financeira para acompanhar o andamento do contrato de empréstimo. O processo licitatório está avançado e tem previsão de encerramento ainda neste mês", informou, em nota.