Corinthians e governo de SP batem cabeça sobre quem vai pagar custo extra do Itaquerão
Vinícius Segalla,
Do UOL, em São Paulo
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Ricardo Stuckert / CBF
Presidente da CBF, José Maria Marin (esq), visitou na última sexta as obras do futuro estádio em Itaquera, palco da abertura da Copa de 2014, ao lado de Andrés Sanchez e Mário Gobbi, atual presidente do Corinthians
O Corinthians e o governo de São Paulo não falam a mesma língua quando o assunto é quem irá pagar pelas estruturas provisórias que serão instaladas no Itaquerão para a abertura da Copa do Mundo de 2014.
Além das 20 mil arquibancadas móveis, há outros itens exigidos pela Fifa para o estádio da abertura do evento, como assentos VIPs, sistemas de iluminação, sistemas de ar condicionado, equipamentos de informática, telecomunicações, camarotes blindados e até um restaurante. Juntos, todos esses itens podem elevar o preço da arena de R$ 820 milhões para cerca de R$ 1 bilhão.
Na última sexta-feira, durante visita às obras da nova arena corintiana, o presidente do clube, Mário Gobbi, foi questionado pelo UOL Esporte sobre quem pagaria pelos gastos das estruturas da abertura, que estão formalmente excluídos do orçamento de R$ 820 milhões previsto em contrato assinado pelo Corinthians e pela empreiteira Odebrecht.
Presente no momento da pergunta a Gobbi, o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez adiantou-se em responder: "Tudo que estiver de fora das estruturas fixas do estádio está fora dos R$ 820 milhões. Como são equipamentos que são necessários para a abertura da Copa, ficarão a cargo do Estado de São Paulo. Não sei se custarão R$ 60 milhões, R$ 70 milhões ou R$ 80 milhões".
A reportagem, então, levou o questionamento à secretaria extraordinária do Estado de São Paulo para a Copa, que negou categoricamente que irá pagar por qualquer estrutura da arena diferente das 20 mil arquibancadas móveis, equipamento, aliás, que o governo não sabe quanto vai custar. Por meio de nota, a pasta afirmou que:
"O Governo de São Paulo se comprometeu a viabilizar as arquibancadas temporárias necessárias para a abertura, e estuda diversas alternativas para resolver essa questão. O valor deste investimento não está definido. Os demais compromissos do Estado são na área de mobilidade urbana".
AS EXIGÊNCIAS DA FIFA
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Fora do orçamento de R$ 820 milhões do estádio corintiano, estão itens exigidos pela Fifa como camarotes blindados, sistemas de telecomunicações, restaurante exclusivo para convidados e instalações provisórias de iluminação e ar condicionado. LEIA MAIS
O UOL Esporte questionou, então, porque o Corinthians afirmava algo diferente disso, e se tal fato não incomodava as autoridades públicas, já que deixa o contribuinte em dúvida sobre quanto de seus tributos será comprometido com a obra. O governo, porém, não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Os equipamentos e instalações provisórias exigidas pela Fifa para o estádio de abertura incluem camarotes blindados e climatizados, centro de televisão (broadcasting compound) com 7.000 metros quadrados e sistema de TI (tecnologia da informação) convergente e redundante: em caso de pane elétrica ou travamento de hardware, outro entrará em funcionamento imediatamente. Isso vale para geradores elétricos e servidores. Também é exigido um restaurante exclusivo para convidados da Fifa.
Para se ter uma ideia no custo envolvido na montagem dessas instalações, em agosto do ano passado, quando a Odebrecht ofereceu um orçamento de R$ 1,5 bilhão para o Corinthians, o então presidente Andrés Sanchez disse que aquele valor era condizente com as exigências da Fifa para um estádio de abertura de Copa do Mundo: "O estádio, sem a Copa do Mundo e sem a abertura, custaria bem menos, porque a Fifa exige hospitalidade para VIPs, não sei quantos mil lugares de imprensa (a Fifa exige 5.000 lugares de imprensa), que vai tudo para baixo depois, acessos para o VIP do VIP. Isso encareceu".
Posteriormente, foram retirados do orçamento oferecido pela Odebrecht os tais itens exigidos pela Fifa para os seus VIPs, e a construtora conseguiu chegar ao valor de R$ 820 milhões.