Custos extras vão elevar preço do Itaquerão para cerca de R$ 1 bi, revela contrato com empreiteira
   Vinícius Segalla*
 
Do UOL, em São Paulo
-  Ze Carlos Barretta/Folhapress   Obras no futuro estádio do Corinthians; certificado ambiental e exigências da Fifa encarecem projeto 
O contrato firmado entre o Corinthians e a empreiteira Odebrecht para a construção da arena que será utilizada na abertura da Copa do Mundo de 2014, na zona leste de São Paulo, estabelece um preço fixo para a obra de R$ 820 milhões, mas deixa fora deste montante uma série de equipamentos e obrigações que irão elevar o custo da empreitada a cerca de R$ 1 bilhão.
"Independentemente de qualquer disposição neste contrato e seus anexos, estão expressa e nomeadamente excluídas do objeto do presente contrato, e, consequentemente, do preço fixo global, as seguintes atividades", diz o artigo do contrato entre as partes, a que o UOL Esporte teve acesso.
O QUE ESTÁ FORA DO ORÇAMENTO DE R$ 820 MI DO ESTÁDIO DO CORINTHIANS
| Item | Custo | 
| 20 mil arquibancadas móveis | R$ 70 milhões* | 
| Tranposição dos dutos da Transpetro | R$ 9,8 milhões | 
| Atendimento das exigências para obtenção de selo de excelência ambiental | Até 7% do valor da obra (R$ 54,7 milhões) | 
| Equipamentos de telecomunicações, instalações provisórias exigidas pela Fifa e mobiliário | Não divulgado | 
- * Previsão da Odebrecht
- Fonte: contrato para a construção do estádio
Após o trecho supracitado, o documento lista os itens que não integram o valor de R$ 820 milhões da obra: os valores pagos pela transposição dos dutos da Transpetro que passavam pelo terreno do estádio; os custos para licenciamento ambiental do estádio; a implementação de melhorias para que a arena receba um selo de excelência ambiental conferido por uma entidade internacional; e a aquisição de mobiliário e equipamentos provisórios exigidos pela Fifa para o estádio que será palco da abertura do Mundial de 2014.
Entre tais equipamentos provisórios, segundo lista o contrato, estão: assentos VIPs, sistema de iluminação, sistema de ar condicionado, equipamentos de informática, telecomunicações e sistemas de TI (tecnologia da informação).
A transposição dos dutos, já realizada, é um caso à parte. O processo custou R$ 9,8 milhões, pagos pelo Corinthians. Pelo contrato, a Odebrecht não seria a responsável pelo custeio do valor. A assessoria de imprensa da empresa informa, no entanto, que economias feitas durante a obra devem fazer com que o valor seja incorporado aos R$ 820 milhões, sem custos extras ao clube.
A reportagem ainda perguntou à Odebrecht qual será o custo total de todas as rubricas que não estão incluídas no orçamento inicial. "Não há nenhum custo fora do orçamento contratado entre a Odebrecht e o Corinthians para a construção do estádio de 48 mil lugares, que continua sendo de R$ 820 milhões", disse a empresa, reforçando que tais serviços não estão incluídos no contrato existente. A Odebrecht diz que está à disposição para fazer as instalações extras que forem necessárias, mas explica que ainda não foi contactada para isso.
O Corinthians, por sua vez, não nega que o orçamento deve sofrer acréscimos para atender as exigências da Fifa. O diretor de marketing do clube, Luis Paulo Rosemberg, afirmou que o time está "lutando para obter ganhos nos itens contratados para compensar boa parte destes acréscimos. Mas outros acréscimos poderão vir". O dirigente, porém, não revelou nenhuma projeção de valores.
Ainda assim, é possível estimar estes gastos. O primeiro deles é o de construção das arquibancadas móveis, com 20 mil lugares, que serão instaladas na arena para que seja atingida capacidade de 68 mil pessoas, exigida pela Fifa para que o estádio receba a abertura da Copa. A Odebrecht prevê que esta obra saia por R$ 70 milhões.
Depois, vem a transposição dos dutos da Transpetro, já efetuada pela Odebrecht e paga pelo Corinthians, a um custo de R$ 9,8 milhões, segundo a própria construtora.
Há, ainda, os custos relacionados à obtenção do "selo verde" para a obra, emitido por uma entidade chamada Green Building Council Brasil (GBC). A obtenção do certificado é obrigatória para se pleitear o empréstimo de R$ 400 milhões que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) tem disponível para financiar a obra.
AS EXIGÊNCIAS DA FIFA
-    Fora do orçamento de R$ 820 milhões do estádio corintiano, estão itens exigidos pela Fifa como camarotes blindados, sistemas de telecomunicações, restaurante exclusivo para convidados e instalações provisórias de iluminação e ar condicionado. LEIA MAIS 
Para obter o selo, o empreendedor deve ater-se a práticas de construção sustentável nas áreas de eficiência energética, localização, uso racional da água, materiais com baixo impacto ambiental e qualidade ambiental interna.
No contrato assinado entre Odebrecht e Corinthians, consta que está fora do custo de R$ 820 milhões: "Atendimento das exigências necessárias à obtenção da certificação Leadership in Energy and Environmental Design - LEED emitida pelo U.S. Green Building Council não relacionadas no ANEXO 1 deste contrato".
O UOL Esporte não teve acesso ao anexo mencionado. Sobre tais exigências, o diretor corintiano Luis Paulo Rosemberg disse que "o projeto (do estádio) já foi desenvolvido com consciência ecológica. Mas podem sim ocorrer exigências adicionais".
De acordo com a GBC, porém, as exigências ambientais para a obtenção do selo verde podem elevar o custo de uma obra em até 7% do valor de seu orçamento, ou seja, para o caso da arena corintiana, em até R$ 57,4 milhões.
Já no que se refere aos equipamentos e instalações provisórias exigidas pela Fifa para o estádio de abertura, estão entre os itens: camarotes blindados e climatizados, centro de televisão (broadcasting compound) com 7.000 metros quadrados e sistema de TI (tecnologia da informação) convergente e redundante: em caso de pane elétrica ou travamento de hardware, outro entrará em funcionamento imediatamente. Isso vale para geradores elétricos e servidores. Também é exigido um restaurante exclusivo para convidados da Fifa.
Para se ter uma ideia no custo envolvido na montagem dessas instalações, em agosto do ano passado, quando a Odebrecht ofereceu um orçamento de R$ 1,5 bilhão para o Corinthians, o então presidente do clube, Andrés Sanchez, disse que aquele valor era condizente com as exigências da Fifa para um estádio de abertura de Copa do Mundo: "O estádio, sem a Copa do Mundo e sem a abertura, custaria bem menos, porque a Fifa exige hospitalidade para VIPs, não sei quantos mil lugares de imprensa (a Fifa exige 5.000 lugares de imprensa), que vai tudo para baixo depois, acessos para o VIP do VIP. Isso encareceu".
Posteriormente, foram retirados do orçamento oferecido pela Odebrecht os tais itens exigidos pela Fifa para os seus VIPs, e a construtora conseguiu chegar ao valor de R$ 820 milhões. Agora, se os itens vierem a ser construídos, ficarão a cargo do Corinthians.
* Colaborou Roberto Pereira de Souza

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