Diego Costa, sobre vaias: 'Já esperava, estou acostumado e preparado'

Julio Gomes

da BBC Brasil em Salvador

Diego Costa
Diego Costa

Os espanhóis se acostumaram a sair dos estádios com um sorriso no rosto. É o que vem acontecendo desde 2008, quando começou a incrível arrancada de títulos - dois europeus e um mundial.

Na sexta-feira, foi diferente. Caras amarradas, poucas entrevistas. Repórteres espanhóis, alguns com relação de amizade com os jogadores, apenas faziam gestos de apoio.
 
"Foi uma derrota dura", a frase comum a todos.Xavi recebeu um aperto na bochecha. Iniesta passou pelos repórteres de cabeça baixa. Casillas, Torres e Piqué foram os "escolhidos" para as entrevistas.
 
Diego Costa era a exceção. Talvez pouco acostumado a dar entrevistas para a imprensa mundial após jogos de Copa do Mundo ou Eurocopa. Certamente pouco acostumado às vitórias que os espanhóis tiveram nos últimos anos. O jogador mais vaiado da Copa do Mundo até agora parecia ser o menos "doído" com a humilhante derrota por 5 a 1 para a Holanda, em Salvador.
 
É como se tivesse sido só mais um jogo para ele, enquanto para outros ficava aquela sensação de fim de ciclo. Foi quem mais falou na área de entrevistas. Atendeu a absolutamente todos que o pararam. Algumas vezes, o homem da cidade de Lagarto (SE) até mesmo sorria, especialmente quando questionado sobre a família, que estava na Fonte Nova.
 
Vaias? "Quando você está em campo, não fica pensando muito nessas coisas. Eu já esperava, imaginava que seria assim, já venho com a cabeça trabalhada há bastante tempo", disse Diego Costa. "Eu tive meu direito de escolha, eles também têm o direito deles".
 
Primeiro toque
 
As vaias começaram desde o primeiro toque de Diego na bola. Logo, viraram xingamentos. No momento em que foi substituído por Fernando Torres, Diego até acelerou o passo para acabar logo com o suplício das vaias. Ganhou aplausos dos companheiros, que pareciam, ao contrário dele, não esperar tamanha "recepção". Se sentiam quase responsáveis pelo "sofrimento" público do homem que optou por defender as cores de outros país.
 
"Eles já sabem que aqui no Brasil a seleção da Espanha, não sei por que, tem um clima complicado com o público. Eles já sabiam que não iam ter o apoio do público. Mas olha, todo mundo tem direito de criticar ou vaiar."
 
O treinador Vicente del Bosque diz não acreditar que as vaias tenham afetado o atacante. "Quando estávamos ganhando no fim do primeiro tempo, com um pênalti sobre ele, se movimentando de forma estupenda, as vaias não afetavam. Estamos em um país que quer ser campeão do mundo e vê mais ameaça na seleção espanhola que em outras. A vaia não afetou nem a ele nem ao time", analisou.
 
O próximo jogo da Espanha será contra o Chile, no Maracanã, na quarta-feira. Dados os resultados da primeira rodada, uma derrota provavelmente tirará da Copa a campeã do mundo e mesmo um empate significaria virtualmente a eliminação prematura. É vencer ou vencer. Certeza, apenas uma: a torcida chilena será maioria absoluta no estádio carioca e os brasileiros estarão juntos.
 
Jogador polêmico também em campo por causa de suas jogadas (em alguns casos, consideradas maldosas), Diego colecionou fãs e inimigos em seus anos de Atlético de Madri. É amado pelo torcedor do time dele, odiado pelos outros. Talvez essa relação com os fãs no país que o recebeu seja o melhor antídoto para as vaias no Brasil.
 
"Na Espanha, a todo campo que eu vou eu sempre enfrentei isso. Já estou acostumado. Eu gosto de jogar assim".

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