Com África do Sul, Parreira mantém hábito de recorrer ao Brasil

A decisão de trazer a seleção da África do Sul para realizar no Brasil parte da preparação para a Copa do Mundo não é novidade no extenso currículo do técnico Carlos Alberto Parreira. A medida foi adotada pela primeira vez quando o treinador dirigiu o Kuait no Mundial de 1982. Em 1998, o técnico campeão mundial com a seleção brasileira, quatro anos antes, levou a Arábia Saudita para treinar na Granja Comary, em Teresópolis, Rio de Janeiro.

“É para eles sentirem a qualidade do futebol brasileiro, o que é ficar com a posse de bola, ter calma. Eles são apressados, querem se livrar rápido da bola, começam a dar chutão para frente. A ideia principal é o aprendizado, essa experiência que vamos aproveitar. É importante o aprendizado mas só no campo. Se não vier para cá, não jogar, não vai aprender. No papo, mostrando filme... Tem que vir e jogar”, afirmou.

Parreira trouxe ao Brasil 29 jogadores. Apenas dois deles atuam no futebol europeu, mas ainda assim são jovens. O atacante Kermit Erasmus, de 19 anos, defende o Excelsior Roterdã, da Holanda, enquanto o meia Daylon Claasen, de 20 anos, atua no Ajax.

O treinador não pôde contar com algumas das principais esperanças, que atuam no futebol inglês, como o meia Steven Pienaar, do Everton, e o atacante Benni McCarthy, do West Ham. Da Holanda deve sair outro atacante com boas chances de brigar por vaga na equipe titular na Copa do Mundo: Bernard Parker, do Twente.

Sem os principais jogadores, Parreira promoveu mudança significativa em relação à ao elenco que Joel Santana convocou para a Copa das Confederações, pouco antes de ser demitido. Apenas 31,03% do grupo de atletas (nove jogadores) que veio ao Brasil estiveram na equipe derrotada pela Espanha na prorrogação da disputa de terceiro lugar. Para a competição vencida pelo Brasil, Joel recorreu a nove jogadores que atuam no exterior.

Rivais mais fortes

A fragilidade da seleção sul-africana é evidente por resultados recentes. Os Bafana Bafana não conseguiram sequer uma vaga na Copa Africana de Nações, disputada em Angola e vencida pelo Egito. Parreira admite que os rivais continentais que irão ao Mundial (Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Argélia e Camarões) possuem equipes mais fortes.

“As outras equipes estão à nossa frente, tanto que não fomos às finais da Copa Africana de Nações. Tinham 16 seleções e nós ficamos de fora. Isso demonstra que não estamos no mesmo nível. As outras equipes estão mais preparadas, até porque tem jogadores em grande número atuando com sucesso em equipes de grande porte do futebol europeu. Nós, na verdade, só temos um jogador sul-africano que joga numa equipe de média para grande, o Pienaar no Everton. Os outros ficam na reserva e não jogam”, observou.

“Esse trabalho vai se estender até a Copa do Mundo. Até lá, teremos quase três meses de preparação. Na primeira semana de maio irão se juntar os jogadores que estão no exterior com esse grupo já preparado e treinado. Então acho que o time vai ganhar em experiência e vamos brigar por uma vaga”, disse.

“Nós estamos indo para a terceira Copa do Mundo, por isso essa vinda ao Brasil vai ser extremamente importante, porque não temos como brigar num nível físico. Nós temos um time pequeno fisicamente, então temos de colocar a bola no chão e eles sabem jogar com a bola no chão”, acrescentou.

Compartilhe: