Felipe Dana/AP

Seleção da África do Sul faz preparação para a Copa do Mundo no Brasil

31/03/2010 - 07h00

África do Sul usa "sparrings" brasileiros para barrar críticos e formar time

Gustavo Andrade e Rafael Krieger
Em Belo Horizonte e São Paulo

Na primeira Copa do Mundo no continente africano, a África do Sul luta para não ser a primeira seleção anfitriã a não se classificar para a segunda fase do Mundial. O que não vai ser fácil, já que o time tem o pior ranking entre as 32 classificadas, e ainda está em um dos “grupos da morte”. Para não silenciar as vuvuzelas, os Bafana Bafana vieram ao Brasil para em mês de preparação. Segundo o técnico Carlos Alberto Parreira, a experiência brasileira tem dado certo.

Antes de enfrentar o Paraguai nesta quarta-feira, a África do Sul disputou sete jogos contra equipes brasileiras. Ganhou cinco, empatou dois e levou apenas um gol. Por outro lado, a única equipe grande que a seleção enfrentou foi o Cruzeiro, no Mineirão, e empatou sem gols. Para o técnico Parreira, jogar contra “sparrings” de menor nível técnico é importante para desenvolver fundamentos e fazer o time “gostar de ter a bola nos pés”.

“A gente não podia começar o trabalho jogando contra o Cruzeiro. Nós tínhamos que enfrentar equipes de menor porte para dar confiança”, comentou. Antes do empate contra o time principal do Cruzeiro, a África do Sul já havia vencido o Boavista, o Fluminense sub-20, e empatado com o Volta Redonda.

“Deu para arrumar o time e enfrentarmos o Cruzeiro. A tendência daqui para frente é melhorar, sem dúvida nenhuma”, afirmou o treinador, campeão do Mundo em 1994. Depois daquele empate no Mineirão, os Bafana Bafana ainda venceram os reservas do Cruzeiro e do Botafogo, além da Ponte Preta, sempre em jogos-treino.

“O mais importante era definir uma forma de jogar, que já foi definida. Nós não estamos jogando nas Ilhas Salomão ou nas Ilhas Fiji. Enfrentamos equipes brasileiras, então a equipe está se portando bem, e esse estágio foi importantíssimo”, completou Parreira, que durante a sua estadia no Brasil passou por Teresópolis, Belo Horizonte, Porto Feliz (SP) e São Paulo, onde treinou na Academia de Futebol do Palmeiras.

A imprensa sul-africana concorda com o treinador, apesar de apontar a fragilidade dos times enfrentados: “Muitos torcedores são céticos quanto às vitórias contra os oponentes modestos no Brasil, mas a qualidade do futebol brasileiro tem que ser considerada”, observa o artigo publicado pelo jornal Times Live. “A equipe reserva da Ponte Preta, por exemplo, teria qualidade para disputar o título do Campeonato Sul-Africano”.

JOGOS DA ÁFRICA DO SUL EM 2010

África do Sul 3 x 0 Zimbábue
África do Sul 1 x 1 Namíbia
África do Sul 0 x 0 Volta Redonda
África do Sul 8 x 0 Fluminense Sub-20
África do Sul 2 x 0 Boavista
África do Sul 0 x 0 Cruzeiro
África do Sul 2 x 0 Reservas do Cruzeiro
África do Sul 1 x 0 Botafogo
África do Sul 2 x 1 Ponte Preta
África do Sul x Paraguai
África do Sul x Santos
África do Sul x Dinamarca

Em confrontos contra times brasileiros, a África do Sul pôde identificar pontos frágeis da equipe. “Jogando contra grandes times, como o Cruzeiro, podemos ver o que precisamos evoluir. Quando estivermos em boa forma, começaremos a marcar gols”, comentou o meia Lance Davids, destacando que a equipe teve bom rendimento defensivo, mas apresentou dificuldades para balançar as redes adversárias.

Grupo da morte

Parreira não esconde a preocupação com o Grupo A, que tem França, México e Uruguai. Mas acredita que o time pode crescer em jogos importantes, e por isso terá uma ajuda especial. “Nós vamos ter um motivador. É um médico psicólogo, ele até fez uma palestra para a gente, e gostamos muito. Quando começarmos a etapa final de preparação em maio, ele vai se agregar à equipe”.

Até chegar ao Brasil, os resultados de Parreira não foram expressivos. Desde que voltou ao comando da seleção sul-africana, após a demissão de Joel Santana em outubro, o técnico campeão mundial em 1994 enfrentou cinco seleções. Contra Japão e Jamaica, os Bafana Bafana ficaram em empates sem gols.

Nos três compromissos seguintes, a equipe comandada por Parreira enfrentou seleções africanas que não estarão no Mundial. A África do Sul venceu a Suazilândia, por 6 a 2, e o Zimbábue, por 3 a 0, e empatou em 1 a 1 com a Namíbia. O jogo contra o Paraguai em Assunção é visto como decisivo na preparação sul-africana, ainda que a seleção sul-americana não possa contar com seus atletas que atuam no exterior.

“Essas escolhas não são decididas por nós, são as oportunidades, temos que aproveitá-las. Estive no workshop da Fifa, fiz contato com muitas equipes e o Paraguai se propôs a jogar com a gente no dia 31 e resolvemos aceitar. Nós precisamos dessa exposição, jogar na casa do Paraguai, para eles sentirem o peso de jogar contra uma equipe de bom nível técnico”, ressaltou.

Para a disputa do Mundial, a seleção sul-africana ainda aguarda a incorporação de experientes jogadores que atuam no futebol europeu. Na Inglaterra, atuam dois dos principais astros do país africano: o meia Steven Pienaar, do Everton, e o atacante Benni McCarthy, do West Ham. A delegação que está em turnê é composta por 29 jogadores, e ainda voltará ao Brasil para disputar um último amistoso, contra os reservas do Santos, no sábado.

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