Carlos Salcido

Para se tornar um jogador de futebol profissional na virada do milênio, era fundamental ter passado pela categoria de base de algum time, ter empresário, começar a despontar cedo para o mercado da bola. Nada disso Carlos Salcido teve.

Até então, era mais um jovem à busca de subempregos nos arredores de Guadalajara, fugindo da miséria consequente de uma infância difícil no interior do país. Chegou mesmo a tentar cruzar a fronteira com os Estados Unidos por três vezes para engordar as fileiras de milhões de mexicanos que tentam a via ilegal de acesso ao sonho americano – todas as vezes foi deportado de volta ao México.

Depois de ter vários empregos e passar por fábricas e carpintarias, uma oportunidade de ouro lhe surgiu: quando tinha 20 anos de idade e jogava apenas por diversão, alguns amigos de Salcido disseram que faltava um jogador para uma partida a qual estariam assistindo alguns olheiros do Chivas Guadalajara. O zagueiro deu um jeito de entrar em campo mesmo sem estar inscrito, impressionou, e foi convidado a ser profissional pela maior equipe da cidade.

Sua carreira recém-iniciada o levou a jogar na segunda divisão mexicana por dois times em empréstimos, o Gallos de Aguascalientes e o Tapatío (time B do Chivas). Foi em 2003 que Salcido teve novamente uma oportunidade de jogar na primeira divisão pelo Chivas, após uma primeira passagem pouco exitosa e uma boa temporada na liga de acesso.

Com um estilo agressivo, fama de marcador implacável, duro na queda e resistente, mas com ótimo poder ofensivo (jogou como atacante na várzea), Salcido foi progressivamente ganhando a confiança dos técnicos do Chivas a partir de 2003 e já foi convocado para a seleção mexicana logo de cara.

Em 2005, sua resistência física aliada ao pesado calendário de jogos daquele ano (Campeonato Mexicano + Copa Libertadores + seleção) levaram Salcido a ser o jogador que mais minutos ficou em campo em todo o mundo – fato que não passou desapercebido dos times europeus.

Em 2006, após participar da Copa do Mundo da Alemanha, Salcido foi contratado pelo PSV Eindhoven, da Holanda, equipe da qual se tornou um dos principais expoentes e de onde nunca mais saiu, apesar das constantes ofertas feitas por grandes clubes da Itália, Espanha e Inglaterra.

Com isso, o zagueiro é o segundo jogador mexicano mais bem pago do mundo – recebe 3,8 milhões de euros e tem uma multa rescisória beirando os 75 milhões de euros. Só perde para Rafael Márquez, que tem rendimentos em torno de 4,5 milhões de euros no Barcelona.