Belloumi

Um dos grandes nomes da Argélia na década de 1980, quando a seleção foi às suas duas primeiras Copas do Mundo, Lakhdar Belloumi sempre se recusou a deixar seu país. Apesar de ter sido reconhecido até por Pelé como um grande jogador, o meia nunca seguiu o parceiro Madjer, e chegou a recusar propostas de gigantes europeus em sua carreira de clubes.

Por isso, a maior parte da sua biografia futebolística está ligada à seleção. Belloumi

liderou a equipe no Mundial de 1982, quando a Argélia conseguiu a heróica vitória sobre a Alemanha, na primeira fase, marcando o gol decisivo do confronto.

Depois de um tropeço na segunda rodada, os africanos acabaram eliminados da competição com a vitória protocolar da Alemanha por 1 a 0 sobre a Áustria, que classificava as duas seleções. O incidente fez a Fifa adotar jogos simultâneos em todas as rodadas decisivas de primeiras fases daí em diante.

A decepção com a Copa da Espanha não interrompeu o bom futebol de Belloumi. Procurado por diversos clubes europeus, incluindo a Juventus de Platini, o argelino decidiu permanecer em seu país natal até o fim da carreira.

O grande clube de sua carreira foi o GC Mascara, de sua cidade natal. Depois de passagens por Sempac e Skaf, no início de carreira, Belloumi acertou com o GC Mascara pela primeira vez em 1978. Até a aposentadoria, o meia somaria três períodos na equipe, permeados com apenas um título nacional, conquistado em 1984.

Sua única experiência no exterior aconteceria apenas em 1990, quando ele assinou com o Al-Saad, do Qatar. A mudança de ares é explicada, em grande parte, pelo incidente que marcou o fim de sua carreira pela seleção.

Em 1989, no Cairo, após um jogo contra o Egito válido pelas eliminatórias africanas para a Copa de 1990, uma confusão entre torcedores locais e os jogadores argelinos tomou conta do saguão de um hotel. No tumulto, um médico egípcio foi atingido em um dos olhos por um pedaço de garrafa, que supostamente teria sido atirada por Belloumi.

O meia foi investigado durante anos, e chegou a ter um mandado de prisão emitido pela Interpol contra si. O caso só foi encerrado no ano passado, quando os governos egípcio e argelino fizeram um trabalho de cooperação e comprovaram que o autor do arremesso havia sido o goleiro Kamel Kadri. Belloumi sequer estava presente no saguão, e só foi acusado por ser o mais conhecido de sua seleção.

O incidente, no entanto, acabou tirando o meia do maior título da história do futebol da Argélia. Em 1990, na despedida de Rabah Madjer, a equipe conquistou a Copa Africana de Nações, feito jamais repetido por outra geração daquele país.

Belloumi se aposentou oficialmente do futebol em 1999, jogando pelo GC Mascara. Depois de anos trabalhando como assistente técnico em diversos times de seu país, o ídolo local assumiu a seleção argelina em 2004. Sem grandes resultados, acabou deixando o cargo um ano depois.