Advogado diz que executivo inglês está no Rio, mas não se entregará
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
A assessoria do advogado Fernando Fernandes, que está trabalhando na defesa do inglês Raymond Whelan, afirmou que o executivo está no Rio de Janeiro, mas não se entregará à polícia no momento. De acordo com o advogado, a prisão preventiva do diretor executivo da Match Services, anunciada na quinta-feira, não deveria ter sido decretada.
Segundo o advogado, o habeas corpus conseguido na semana passada, que tirou o executivo da prisão no início da semana, ainda estaria válido, pois Whelan entregou seu passaporte e se comprometeu a colaborar com a Justiça. Mas ele já teve um habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o que o deixou na condição de foragido.
Depois da prisão preventiva decretada na quinta-feira, Whelan deixou o Copacabana Palace pelas portas do fundo, antes da chegada da polícia. Segundo o advogado, o inglês não tinha conhecimento da ordem de prisão.
A Match Services, que disse não ter contatado Whelan ou seu advogado após a fuga, discordou do termo "fugitivo" e afirmou que os dois estão juntos. "Entendemos que qualquer acusado no Brasil tem o direito fundamental de resistir a uma coerção que ele acreditar ser arbitrária e ilegal", disse a empresa, em nota.
"Os advogados do sr. Whelan entraram com uma liminar para revogar o pedido de prisão na noite de ontem, que foi negada. Mas acreditamos que seus advogados entrarão hoje com um pedido para que essa decisão seja reconsiderada", acrescentou a Match Services.
Polícia pede colaboração
Nesta sexta, o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, pediu a colaboração da população para encontrar o inglês.
Veloso disse que quem souber notícias do paradeiro do acusado de ser o líder da quadrilha internacional que vendia ingressos da Copa do Mundo de 2014 deve ligar para o disque-denúncia (21-2253-1177). Ainda não há recompensa por pistas.
Veloso disse que a policias da 18ª Delegacia de Polícia estão em sua busca. Na noite de quinta, foram a dois endereços e não o encontraram. Nesta manhã, visitaram mais um local à procura do executivo. Sem sucesso.
Veloso criticou a fuga de Whelan e disse que espera que ele se apresente. O chefe da Polícia Civil informou, inclusive, que a Fifa havia dito a ele na noite de quinta-feira que Whelan iria se entregar. Isso não aconteceu. "Fui informado numa reunião ontem por gente da Fifa que ele ia ser apresentar", relatou.
Veloso disse também que Whelan deve se submeter às leis brasileiras e comparou o caso do executivo com o de um traficante que ostenta armamentos em favelas. "A lei vale para tanto para o traficante que usa armamento pesado em favelas quanto para um executivo de uma grande empresa", afirmou.
O chefe da polícia também disse que quem colaborou com a fuga de Whelan pode ser responsabilizado. Em vídeo obtido por policiais no Copacabana Palace, Whelan aparece sendo do hotel acompanhado de Fernando Fernandes. O advogado pode ser chamado a prestar esclarecimentos.
Segurança do COL isenta-se
Segundo a polícia, Whelan fugiu do Copacabana Palace. O hotel é onde estão hospedados todos os altos dirigentes da Fifa. Por isso, é protegido por segurança privados do COL (Comitê Organizador Local) da Copa.
Hilário Medeiros é chefe de segurança do COL. Ele esteve nesta sexta-feira junto com o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro e o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame. Questionado se os seguranças do COL ajudaram a polícia na busca por Whelan, ele disse que isso não é função do comitê.
"Essa não é função do COL. Nossa função é a proteção das pessoas que estão dentro do hotel e o patrimônio do local", disse Hilário. "A investigação é responsabilidade do poder público."
Beltrame afirmou que a Fifa tem auxiliado as autoridades. Veloso disse que espera respostas rápidas da entidade máxima do futebol.
*Atualizada às 18h20