Justiça nega habeas corpus a suspeito de abastecer máfia dos ingressos
Bruno Thadeu
Do UOL, em São Paulo*
*Nota atualizada às 10h35
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou pedido de habeas corpus pedido pela defesa do inglês Raymond Whelan, que está foragido e que é acusado de abastecer quadrilha internacional de cambistas. O grupo mafioso agiu nas últimas quatro Copa do Mundo e é chefiada pelo franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, que está preso.
Whelan teve prisão preventiva decretada na quinta, mas fugiu antes de a polícia chegar, e seu paradeiro é desconhecido. Ex-diretor-executivo da Match, única empresa autorizada pela Fifa a comercializar ingressos, Whelan usava seu poder para facilitar na distribuição irregular de ingressos, concluiu a Justiça.
"A desenvoltura do envolvido no agir delituoso está a demonstrar audácia e destemor quanto à força coercitiva da legislação em vigor, especialmente se considerarmos que o mesmo encontra-se foragido", concluiu a desembargadora Flavia Romano de Resende.
"Do conjunto de indícios presentes nos autos emergem sérias e graves suspeitas de comportamento delituoso incompatível com a pretendida liberdade", acrescentou a desembargadora do TJ do Rio.
O inglês havia sido preso provisoriamente no início da semana, mas teve habeas corpus deferido pela desembargadora Marília de Castro Neves Vieira. Na ocasião, a desembargadora alegou que Whelan não oferecia riscos, pois documentos e objetos pessoais haviam sido apreendidos pela polícia, "não havendo necessidade da manutenção da medida restritiva, razão pela qual a revogo liminarmente", apresentou trecho da decisão da magistrada.
De volta às ruas, Whelan teve prisão preventiva decretada na quinta-feira. Mas o inglês fez o check-out no Copacabana Palace antes de a polícia entrar. O hotel informou que não colaborou com a saída do diretor da Match.
Segundo a polícia, Whelan fugiu para não ser preso mais uma vez. O delegado Fábio Barucke. titular da 18ª Delegacia de Polícia, chegou ao hotel para cumprir o mandado de prisão de Whelan por volta das 16h30.
As câmeras de segurança flagraram o inglês deixando o local pela porta dos fundos às 16h15. Em contato com o UOL Esporte, o promotor Marcos Kac disse que o empresário já é considerado foragido por não ter sido encontrado pela Justiça. Até mesmo a Polícia Federal pode ser acionada na tentativa de encontrá-lo.
Operação Jules Rimet
A operação desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.
Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.
Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.
A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.
Suspeitos presos e Whelan negam que cometeram qualquer crime. A Match, aliás, divulgou um comunicado na quarta-feira criticando o trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e declarando que a prisão do seu diretor executivo foi "ilegal e arbitrária".
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