Um jogador alemão explica como o Brasil sofreu a maior goleada da história

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Belo Horizonte

Per Mertesacker foi um espectador de luxo de parte do maior vexame da história da seleção brasileira. Viu, do banco, a sua Alemanha fazer cinco gols no time de Luiz Felipe Scolari, só no primeiro tempo. Com a propriedade de quem esteve no campo do Mineirão, a partir do intervalo, o zagueiro da seleção germânica explica como foi a goleada.

"Foi impossível de acreditar em um começo daquele. Com cinco gols no primeiro tempo, ter tanta vantagem. A gente não podia acreditar. Estivemos focados o tempo todo, foi uma performance incrível", disse o zagueiro do Arsenal, um dos poucos alemães que conversaram com os repórteres brasileiros.

Preterido por Joachim Low para a dupla Hummels e Boateng, Mertesacker, um veterano que está na terceira Copa, contou que se viu na pele dos brasileiros. "Nós sabemos como é jogar em casa, jogamos assim e perdemos em 2006. Claro que foi diferente, foi na prorrogação em um jogo muito mais apertado, mas é muita pressão de fora, não é fácil de lidar. Você podia ver neles que foram respeitosos demais. E nós melhoramos ao longo do torneio, hoje [terça] foi nosso melhor dia", disse o zagueiro.

Foi o casamento entre a melhor Alemanha e o pior Brasil, que não viu a cor da bola. "Eu não tenho ideia [do que aconteceu]. Fiquei surpreso pela fluência com que jogamos entre as linhas. Nos gols sempre tinha um homem livre. Quando ganhávamos a bola trocávamos passes muito rápido e isso causava problemas para eles. Nós forçamos eles a cometerem erros", explicou Mertesacker, com precisão.

A Alemanha, o time que mais troca passes no torneio, dominou o meio-campo do Brasil com o trio Schweinsteiger, Khedira e Kroos. Dos cinco gols que decidiram o jogo no primeiro tempo, em nenhum o alemão que marcou estava sendo devidamente marcado. O segundo do jogo, o 16º de Klose na história das Copas, mostra bem o que diz Mertesacker.

Depois de uma troca de passes no meio-campo, a Alemanha avançou rumo à área do Brasil e a movimentação na diagonal permitiu que Klose aparecesse livre dentro da área, atrás da linha da zaga verde-amarela. Quando recebeu a marcação, o centroavante teve a chance de passar para Muller ou girar e bater por conta própria. Optou pela segunda opção e fez.

"Quando você marca assim no começo é um choque positivo para nós e negativo para eles. A expectativa [de jogar em casa] é grande e carregar isso não é fácil. Você sente. Foi tão fluente para nós, todas as segundas bolas eram nossas, os passes funcionaram. Você sente pelo seu oponente, não é fácil", disse Mertesacker, acrescentando alguma compaixão na análise. 

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