Brasil é o time que menos treina entre os oito finalistas da Copa do Mundo

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em Fortaleza

Com uma rotina de folgas pós-jogos e treinos mais leves para os titulares, o Brasil é o time que menos trabalha entre os oito que ainda estão vivos na Copa do Mundo. De acordo com levantamento feito pelo UOL Esporte, nenhuma seleção teve três dias livres durante a competição como a seleção brasileira.

O Brasil de Felipão folgou três vezes durante da Copa do Mundo. Depois dos empates contra México e Chile, os jogadores tiveram o dia seguinte livre e só precisaram se reapresentar na manhã posterior. Após a vitória contra  Camarões, por sua vez, a folga foi na Granja Comary, justamente para responder às críticas de que o time estava trabalhando pouco.

Quem mais chegou perto foram Colômbia e Holanda, que liberaram seus jogadores em duas oportunidades. França, Alemanha e Costa Rica tiveram apenas um dia de descanso, enquanto Argentina e Bélgica tiveram de se contentar com alguns períodos de mordomia.

Mais que os dias livres, impressiona a intensidade dos treinamentos. Depois de conquistar a vaga nas quartas contra o Chile nos pênaltis, a seleção brasileira tardou a voltar ao batente. Depois da folga de domingo, só os reservas foram ao gramado na última segunda, enquanto os titulares fizeram um treino regenerativo.

Na terça, mais folga para Neymar e companhia, que viram o time de baixo jogar contra o Sub-20 do Fluminense enquanto se fortaleciam na academia. No total, foram três dias seguidos sem contato com a bola para um time que, segundo o próprio Felipão disse em entrevista a um grupo de jornalistas, precisa de ajustes.

Em outra seleções, a rotina é diferente. Depois dos jogos, é normal que os atletas que estiveram em campo não trabalhem no gramado, para se recuperarem do desgaste. No dia posterior, porém, todos costumam trabalhar normalmente. Como não há folga pós-partida na maioria das seleções, o resultado é uma carga de trabalho muito maior que a da seleção brasileira.

A reportagem consultou a CBF para saber o motivo da disparidade. Segundo a entidade, a programação é definida de acordo com questões científicas e culturais, e a comissão dá folga nos momentos que considera ideais. A folga pós-jogo seria, na visão do treinador e seus auxiliares, uma tradição brasileira, agravada pelo fato de que o time está em casa e mais próximo de familiares e amigos.

O descanso um dia depois das partidas é, de fato, uma coisa comum no futebol brasileiro, mas somente em casos de calendário folgado. Equipes grandes, quando jogam aos domingo, por exemplo, costumam liberar seus atletas na segunda caso a semana esteja livre. Se há um compromisso na quarta-feira, por exemplo, a praxe é que todos se reapresentem normalmente, sem nenhuma parada.

Curiosamente, o Brasil é um dos finalistas da Copa do Mundo que mais se concentra, perdendo apenas para a Argentina, que vive em regime de clausura e sequer faz treinos abertos à imprensa. Rivais igualmente fortes como Holanda e Alemanha, porém, se notabilizaram pela simpatia e a flexibilidade na agenda. Desde que chegaram ao país, os jogadores dos dois times já foram à praia, visitaram comunidades carentes e praticaram esportes alternativos, sempre durante a sua rotina de trabalho.

O Brasil, enquanto está sob a batuta de Luiz Felipe Scolari, tem sido bem mais sisudo. Antes da Copa do Mundo, Felipão chegou a cogitar erguer um tapume em um dos lados da Granja Comary, em Teresópolis, para impedir que curiosos vissem os treinos da equipe. A ideia naufragou e a seleção tem lidado bem com o assédio, mas o contato ainda não passou o muro do CT.

Ao contrário do que acontece com outras seleções, o Brasil não fez passeios externos. Seus jogadores, ao contrário dos estrangeiros, também não se arriscam em passeios individuais fora dos hotéis onde se concentram antes dos jogos. Ainda assim, o time trabalha menos que os demais.

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