Por que tantos gols e bom futebol na Copa? A Fifa explica
Mauricio Stycer
Do UOL, no Rio
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AFP PHOTO / JAVIER SORIANO
Em jogada ensaiada, Javier Hernandez, Chicharito, faz o terceiro gol do México contra a Croácia
A opinião de que a Copa do Mundo no Brasil superou todas as demais em matéria de qualidade encontra respaldo em dados bem objetivos, analisados pelo Grupo de Estudos Técnicos da Fifa. Cabe a este comitê realizar um relatório sobre a competição, com análise dos jogos e propostas para as diferentes confederações filiadas à entidade.
Nesta quarta-feira (02), dois integrantes do grupo, o ex-técnico francês Gérard Houllier e o ex-jogador nigeriano Sunday Oliseh, adiantaram algumas informações sobre o relatório, que só será divulgado nos próximos meses.
1) 21% dos gols vieram em jogadas ensaiadas - Mostrando um gol de Chicharito Hernández, o terceiro do México contra a Croácia, Houllier sublinhou a importância do treinamento e da aplicação tática das seleções que estão na Copa.
2) Quase 20% dos gols foram marcados por reservas - Já são 29 os gols marcados por jogadores que não iniciaram as partidas, quase 20% do total de 154 gols anotados até agora. Segundo Houllier a média internacional é de 10%. Na visão do ex-técnico, esse dado é indicador da alta qualidade dos centro-avantes que estão no Mundial, inclusive os reservas.
3) Seleções optam menos por esquema com 3 zagueiros - Do ponto de vista tático, Houllier destaca uma mudança importante, especialmente em seleções europeias: a opção cada vez mais rara por três zagueiros. "É uma evolução importante a opção de jogar com dois ou três atacantes", diz. "As equipes estão optando por esquemas mais ofensivos. Não basta criar uma vantagem numérica no meio de campo." O francês lembrou que, em sua estreia, contra a Bósnia, a Argentina entrou em campo com um esquema mais cauteloso e, no intervalo, trocou um zagueiro e um meia por um atacante e um meia. "O próprio Messi mencionou que preferia ver a equipe mais ofensiva".
4) Preparação física dos atletas está melhor na Copa do Brasil - "É surpreendente a capacidade física dos jogadores de todas as equipes. Isso significa algo", disse Houllier. "Muita gente achava que, devido às condições climáticas, as equipes se poupariam durante as partidas, o que não aconteceu", disse Sunday Oliseh.
5) Disciplina tática dos atletas - Assistente de Aimé Jacquet, técnico da França no Mundial de 1998, Houllier também está surpreso com a disciplina tática dos atletas. "No ritmo em que estão sendo jogadas as partidas, isso é fundamental. Não se vê mais equipes desordenadas". Oliseh fez uma observação curiosa. No momento em que o zagueiro Duarte, da Costa Rica, levou cartão vermelho na partida contra a Grécia, imediatamente três jogadores da equipe se aproximaram do banco de reservas para pedir instruções e ouvir o técnico Jorge Luis Pinto. "Isso é muito incomum", disse.
6) A qualidade dos goleiros - Por fim, os integrantes do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa destacaram a qualidade dos goleiros desta Copa. "O treino de goleiros foi o que mais evoluiu nos últimos 20 anos", disse Houllier.