Ao contrário do que aconteceu na seleção da Argélia, o técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, afirmou neste domingo (29) que o jejum do Ramadã -- período de 30 dias de reflexão no qual seguidores da fé islâmica devem jejuar do amanhecer ao pôr-do-sol e que começou sábado (28) -- está liberado para os atletas muçulmanos do time mesmo em dias de jogos.

Após a classificação para as oitavas-de-final com o empate contra a Rússia (no dia 26), o técnico da Argélia, Vahid Halilhodzic, se recusou a responder a perguntas sobre o Ramadã. E a razão para isso teria sido a proibição do jejum religioso no dia do duelo contra Alemanha pelas oitavas de final da Copa do Mundo, nesta segunda (30). Segundo a imprensa argelina, os jogadores até queriam jejuar, mas o comandante não autoriza que isso seja feito.

Ao contrário da seleção africana, de acordo com o técnico francês o jejum não é um tabu e não será um um problema na equipe. "Eu não tomo decisões nesse sentido", disse Deschamps. "Cada jogador esta livre para se adaptar de acordo com suas próprias crenças, não ha nenhuma imposição da minha parte sobre isso. Acho que a palavra mais importante aqui é tolerância. A partir disso, cada um está livre para vivenciar isso a sua maneira".

Para o técnico, mais importante que isso é a concentração do time na partida contra a Nigéria pelas oitavas, às 13h no estádio Mané Garrincha. "Amanhã é um mata-mata. Então o resultado é definitivo, é a segunda fase dessa competição. Estamos preparando com a atenção e seriedade de sempre. Mas dessa vez, ou a gente ganha ou vamos embora para casa".

Deschamps afastou o favoritismo e exaltou a seleção nigeriana, principalmente na parte física. "É um time muito forte, muito rápido, temos que ter atenção". O técnico minimizou o calor de jogar às 13h, e se mostrou mais preocupado com a baixa humidade de Brasília nesta época do ano. "Sim, é um horário um pouco diferente, últimos dias tentamos nos adaptar a esse horários e nossa alimentação também. A evolução do dia  fica completamente diferente". afirmou.

"A segunda preocupação é a taxa de umidade, que está baixa. Uma partida nesse horário, no começo da tarde, pode ter influencia no ritmo. No final da tarde, com temperaturas mais amenas, o ritmo pode ser mais elevado. Então temos que gerenciar estas condições. Temos que ver como o time vai reagir. Várias seleções já jogaram sob essas condições, e ontem brasileiros e chilenos terminaram muito cansados depois da prorrogação e dos penaltis", disse Deschamps, mas fez questão de dizer que o time está descansado e preparado para qualquer condição, inclusive no tempo estendido. A umidade relativa do ar neste domingo em Brasília está em 30%, e a previsão para segunda-feira na hora do jogo é parecida.

Ele reclamou de não poder fazer o reconhecimento do gramado do estádio -- a Fifa vetou a reconhecimento em vários estádios da Copa para preservar o gramado -- mas disse que isso não é desculpa para reclamar e eles tem de se adaptar a essas condições.