Jogo do Brasil na Copa? Que jogo? Na Vila Madalena isso é o de menos

Danilo Lavieri e Verônica Mambrini

Do UOL, em São Paulo

Não vai ter Copa! Não, mesmo! Pode acreditar, mas para uma boa parcela dos frequentadores da Vila Madalena, os jogos da maior competição de futebol do mundo são só mais um pretexto para uma festa regada a muito álcool. O tradicional bairro boêmio de São Paulo tem sido ponto de encontro para jovens das mais diversas idades, mas o que menos importa é o que acontece nos estádios. Foi assim no último sábado, na partida entre Brasil e Chile.

E não é porque as pessoas que ali vão são contra a Copa e querem investimentos em hospitais e em segurança. Para eles, o mais importante é transformar o clima de Mundial em um Carnaval, com muita paquera, beijo na boca e bebida alcoólica.

De tanto brigar com os seguranças conseguem furar o bloqueio. Abrem caminho para os que levam um cooler carregado de cerveja. Junto, vão os ambulantes, que comemoram poder vender a lata por pelo menos R$ 5. E a bola já está rolando...

Gol do Brasil! Todos comemoram, jogam cerveja para o alto, pulam, rodam as camisas e, claro, aproveitam para arrancar um abraço de uma paquera ao lado. Mesmo o que estava de costas para a televisão parece, por dois minutos, um grande apaixonado pelo futebol.

Gol do Chile! Ninguém se importa, poucos xingam. Minutos depois, outros até se assustam quando olham para a televisão e percebem que o placar está empatado. "Nossa, eles já marcaram um gol", pergunta uma mais desavisada. "E se empatar acontece o quê?", questiona um outro que se preocupava mais em ser filmado pelas câmeras de televisão.

O clima de nervosismo em uma prorrogação de oitavas de final era completamente ignorado. Que tal fingir que você é um gringo para tentar a sorte com as garotas? Às vezes funciona. Pessoas viradas de costas para as televisões, conversando e azarando a roda de meninas ao lado ou simplesmente fazendo competição de bebida: quem vira uma latinha de cerveja mais rápido.

A competição termina com poucos vencedores. Vários desmaiam de bêbados, sentam na guia completamente sem entender o que se passa e outros só melhoram depois da ajuda de bombeiros. E tudo vira festa. Os que prestaram socorro tiram até "selfie" para levar para casa a recordação de um mais um bêbado que eles tiraram da sarjeta. Enquanto isso, a bola rola...

"Acabou o jogo? Nossa, o Brasil não consegue ganhar do Chile vai ganhar de quem?", pergunta a revoltada menina que não olhou para a televisão em nenhum momento. "Por que ele não colocou o Robinho?", questionou a outra sem ter a resposta que esperava de ninguém.

Os pênaltis começam a ser disputados. A ocasião faz com que até os que foram ali para a micareta prestem atenção na televisão. Há exceções. Um trio de garotas se preocupa apenas com o tamanho da porção de fritas e insistem em conversar com o garçom, que se contorce para conseguir olhar a televisão.

Fim de jogo. Alívio para a maioria. O Brasil está classificado para as quartas de final na Copa do Mundo. Ambulantes comemoram. Os bares comemoram. A Polícia e a Prefeitura nem tanto. Sexta-feira tem micareta de novo na Vila Madalena.

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