Brasil volta ao palco de vaias para Neymar e fim da linha para Ronaldinho
Paulo Passos
Do UOL, em Teresópolis (RJ)
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Mowa Press
Em abril de 2013, com Felipão, Neymar e Ronaldinho, Brasil empatou com o Chile
Com o mesmo local e adversário das oitavas de final da Copa no próximo sábado, Luiz Felipe Scolari voltou a comandar a seleção no Brasil há pouco mais de um ano. O jogo contra os chilenos não valia nada em 2013, era apenas um amistoso no Mineirão, mas foi decisivo para uma escolha do técnico na formação da equipe que disputou a Copa das Confederações e que está no Mundial. Após a partida, que terminou empatada em 2 a 2, Ronaldinho Gaúcho deu adeus ao time de Felipão.
Mais do que a atuação apagada do então camisa 10 da equipe foi o seu comportamento que levou Scolari a tomar a decisão de cortá-lo da seleção. Na apresentação para o amistoso, o jogador do Atlético Mineiro chegou atrasado ao hotel onde a equipe estava concentrada. O descuido irritou o técnico.
Quando assumiu a seleção, ainda em 2012, Scolari tentou trazer Ronaldinho de volta ao time. Antes mesmo de qualquer convocação, ligou para o meia-atacante e avisou que ele precisaria jogar mais, se dedicar mais aos treinos, a preparação física para ser chamado e sair menos à noite. Queria, novamente, um jogador com "fome de bola".
Foi no convívio rápido de três dias em Belo Horizonte que Felipão desconfiou do comprometimento de Ronaldinho Gaúcho para disputar uma Copa do Mundo no Brasil. Depois, conversou com integrantes da comissão técnica do Atlético Mineiro na época, incluindo o então treinador do time Cuca, e decidiu vetar o meia-atacante, duas vezes eleito melhor do mundo, do time.
"Não é que ele tenha perdido o foco, mas de certo modo ele não conduziu a carreira esportiva dele da maneira que você exige para a Seleção, com dedicação plena e total", afirmou Carlos Alberto Parreira, em entrevista ao jornal Zero Hora.
Vaias para Neymar
Três jogadores da seleção que disputam a Copa do Mundo estava no Mineirão no amistoso contra os chilenos em 2013: Paulinho, Jefferson e Neymar. O último é, com certeza, o que viu a sua situação mudar mais na equipe desde então. Ainda jogando no Santos na época, Neymar foi hostilizado pelos torcedores mineiros, insatisfeitos com o empate.
O atual camisa 10 ouviu vaias e gritos de "pipoqueiro" no segundo tempo da partida. O nariz torcido para o atacante se devia ao retrospecto ruim da seleção desde 2010. O tabu contra equipes grandes e os fracassos na Copa América e nos Jogos Olímpicos deixavam a atual geração em xeque. Meses antes, ainda com Mano Menezes de técnico, ele já tinha sido vaiado ao deixar o gramado do Morumbi, em amistoso contra a África do Sul.
Neymar não foi o único criticado. Em alguns momentos do jogo, a torcida gritou olé enquanto os chilenos tocavam a bola no Mineirão.
"Nós não jogamos bem, se tivéssemos jogado melhor a torcida teria reagido melhor conosco, tivemos mais dificuldades, deixamos o Chile jogar um pouco mais a vontade do que o normal, é normal que a torcida tenha esse tipo de comportamento. Não tenho nada a criticar a torcida, quando jogarmos bem, agradando, eles terão outra reação", afirmou Felipão depois da partida.