Vivendo no limite: Uruguai novamente tenta vaga na base da superação

Do UOL, em São Paulo

Foi assim em 2010, quando a mão de Suárez os levou para uma semifinal de Copa, a primeira após 40 anos. Foi assim nas últimas três participações do país em Copas, quando precisou da repescagem para conseguir a vaga. Foi assim nas últimas eliminatórias, quando conquistou vitórias nas últimas rodadas para alcançar a repescagem. E terá que ser assim nesta terça-feira, quando o Uruguai encarará a Itália pela última rodada do Grupo D para conseguir a vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014.

A atual geração uruguaia gosta de sofrer. Costuma jogar mal contra os pequenos e ganhar ou complicar contra os grandes. Foi assim na estreia no Mundial, com a derrota para a Costa Rica; foi assim no segundo jogo, com a vitória sobre a campeã mundial Inglaterra. Repetirão o costume contra a Itália?

Ao fatos: para ir à Copa de 2002, no Japão e na Coreia do Sul, o Uruguai precisou passar pela Austrália na repescagem. Para conseguir a quinta posição nas Eliminatórias da América do Sul, o time pareceu escolher o caminho difícil. Na antepenúltima rodada, empatou com a Colômbia por 1 a 1 em casa, mantendo o rival vivo na briga. Depois, novo 1 a 1 com o Equador, enquanto os colombianos ganhavam do Chile.

Com 26 pontos, contra 24 da Colômbia, precisava empatar com a Argentina e torcer para a Colômbia não fazer 5 a 0 no Paraguai. Fez 4. O 1 a 1 em Montevidéu deixou o time viajar para a Oceania. Lá, derrota para a Austrália por 1 a 0. O drama só foi solucionado em casa, com triunfo por 3 a 0 e vaga na Copa.

Em 2006, nova repescagem, mas agora com queda: nos pênaltis, a Austrália foi para a Copa. 

O drama voltou em 2010 - e com ares épicos. O Uruguai visitou o Equador em Quito e, em caso de derrota, daria adeus à Copa e veria os rivais  conquistarem vaga direta. O jogo estava 1 a 1 até os 48 minutos do 2° tempo, quando um pênalti foi marcado para o Equador. Forlán bateu e fez - era o primeiro pênalti que entraria para a história dessa geração.

Na última rodada, os uruguaios perderiam para a Argentina, classificando os rivais para a Copa e só alcançando a repescagem porque o Equador perdeu para o Chile em Santiago. Na disputa contra a Costa Rica, mais drama: apesar da vitória por 1 a 0 fora de casa, por 20 minutos o time ficou a um gol da eliminação em Montevidéu - o tempo entre o gol da Costa Rica que criou o 1 a 1 no placar e o fim do jogo e a vaga conquistada.

Michael Steele/Getty Images
Na Copa, a vaga conquistada de forma tranquila na primeira fase foi só para disfarçar o que viria nas quartas de final. A história todos sabem, mas ela nunca cansa: Com o jogo em 1 a 1, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação Luis Suárez entrou para a história das Copas ao colocar a mão na bola em cima da linha, em lance que daria a vaga inédita a um africano nas semifinais, para Gana.

Asamoah Gyan foi para a cobrança e mandou no travessão. O Uruguai vivia da forma mais inacreditável na história dos Mundiais. Que se tornaria ainda mais incrível quando Loco Abreu fez o gol da vaga nos pênaltis com uma cavadinha.

Na Copa América de 2011, o título mais importante da geração veio com sofrimento nas quartas: contra os donos da casa, os argentinos, triunfo nos pênaltis por 5 a 4. Muslera pegou pênalti de Tevez para repetir 2010, quando pegou dois pênaltis contra Gana.

O último capítulo da sofrida geração uruguaia antes da decisão contra a Itália veio em 2013, nas Eliminatórias. Para conseguir a vaga na repescagem, o time buscou vitórias como visitante contra a Venezuela, na 14ª rodada, e contra o Peru, na 15ª. Depois, surpreendeu a vice-líder Colômbia e a campeã das Eliminatórias Argentina, ambos os jogos em Montevidéu.

AFP PHOTO/Miguel Rojo

Tudo isso, é claro, para alcançar mais uma repescagem - quando, enfim, passou sem sufoco: fez 5 a 0 na Jordânia na Ásia. Claro, ficou no 0 a 0 em casa, mostrando que precisa, mesmo que seja quando nada vale, passar um pequeno drama. 

Repetirá isso contra a Itália, e o sonho de repetir 1950 seguirá vivo? 

A ver, a partir de 13h, em Natal, na Arena das Dunas.

Reuters/Tony Gentile

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