Morte ao quadrado: Grupo D teve zebra e eliminou dois campeões do mundo

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

O sorteio do Grupo D da Copa do Mundo causou calafrios em uruguaios, italianos e ingleses. Com três seleções campeãs mundiais, era certo que uma delas deixaria o Brasil ainda na primeira fase. Para completar a chave, os pobres costarriquenhos que, sem nenhuma tradição na competição, deveriam ser o saco de pancadas dos gigantes. 

A expectativa da mídia, de torcedores e de todo o mundo, exceto o mais ufanista dos habitantes do país da América Central, era de uma sangrenta batalha entre Forlán, Cavani, Gerrard, Rooney, Pirlo e Buffon. Ninguém contava, porém, com a presença de um assassino silencioso dentro do grupo.

Logo na primeira rodada, a Costa Rica fez sua primeira vítima: atingiu com força o Uruguai. Impondo-se em campo, aproveitou a ausência de Luis Suarez e fez 3 a 1 na seleção bicampeã mundial. O astro do PSG Cavani balançou as redes, mas viu sua seleção ser atropelada pela virada costarriquenha, comandada por Campbell, diante de uma torcida atônita.

No mesmo dia, Inglaterra e Itália se enfrentaram em Manaus. Em uma batalha acirrada, a Azurra, que trocou o tradicional catenaccio por uma adaptação do tiki-taka, levou a melhor por 2 a 1. Este sim um resultado previsível em um duelo equilibrado entre dois titãs, bem diferente da zebra anterior.

Uruguai ainda vivo, apesar do tropeço; Itália com um passo já dado para terminar o grupo na liderança do grupo; Inglaterra abatida, mas com totais condições de se recuperar; uma Costa Rica surpreendente, muito aplaudida, mas ainda longe das nuvens de crença na classificação.

O segundo round começou nesta quinta. A volta de Suarez à Celeste uruguaia pareceu ter trazido de volta a aura de campeão do mundo ao time de Óscar Tabárez. Pela frente a Inglaterra, também visivelmente consciente de que um resultado negativo a colocaria em situação difícil – poderia ser ela o gigante a ficar de fora das oitavas.

A dupla Cavani e Suarez funcionou e o atacante do Liverpool abriu o placar de cabeça, após cruzamento do companheiro. Os ingleses reagiram, e, em jogada de Glen Johnson, Rooney marcou o primeiro gol da sua carreira em Copas. Os rapidíssimos jovens Welbeck e Sturridge começaram uma pressão pela vitória, mas saiu pela culatra: em um toque de cabeça errado, para trás de Gerrard, Suarez arrancou e fuzilou o gol de Hart para marcar o 2 a 1 – as mesmas lágrimas que o atacante derramou sentado em uma cadeira de rodas, há um mês, após operar o joelho, foram derramadas no gramado do Itaquerão.

A situação ficou complicada para a Inglaterra, sem nenhum ponto, mas, a não ser que a pequena Costa Rica arrancasse pelo menos um empate dos poderosos italianos, ainda havia esperança. O confronto aconteceu nesta sexta.

Os costarriquenhos, porém, nada tinham a ver com a Terra da Rainha e venceram por 1 a 0. O gol de Ruiz foi um golpe completo e perfeito: em um só movimento, feriu gravemente Uruguai e Itália. E executou a Inglaterra. Multiplicou a taxa de mortalidade do grupo e mostrou que era ela a "morte" em "grupo da morte". Caem duas seleções campeões, não uma, pela primeira em um dos chamados grupos da morte.

Com seis pontos, a seleção da América Central está garantida nas oitavas de final. A Inglaterra, com zero, volta para casa. O English Team perdeu para Itália e Uruguai, mas acabou eliminada, em grande parte, por causa da Costa Rica, de Joel Campbell e Bryan Ruiz . Curiosamente, os dois pertencem a clubes do Campeonato Inglês – Campbell é do Arsenal, mas ainda é uma promessa e passou a temporada emprestado ao Olympiakos; Ruiz é do Fullham, mas não convenceu e foi emprestado ao PSV.

Com três pontos, Uruguai e Itália estão sangrando, e só um vai sobreviver. Vão decidir à moda antiga, da forma mais justa possível: enfrentando um ao outro, até o fim. Com um gol a mais de saldo, a Azurra tem a seu favor a vantagem do empate no próximo dia 24, na Arena das Dunas.

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