Felipão dispara contra leitura labial de TVs: "É uma grande palhaçada"

Do UOL, em São Paulo

O técnico Luiz Felipe Scolari demonstrou estar insatisfeito com quadros ou tentativas de leitura labial feitos por canais de televisão durante ou usando os jogos da seleção brasileira. A prática é comum em programas como o "Fantástico", da TV Globo. Nesta segunda, o UOL Esporte apurou que o alvo da reclamação do treinador foi a transmissão da ESPN Brasil do jogo contra Camarões.

Em entrevista coletiva após a goleada por 4 a 1, o técnico criticou duramente o fato de não poder se expressar com liberdade por conta das câmeras que flagram tudo o que ele diz.

A "alfinetada" do treinador veio quando ele tentou explicar a saída em bola longa da seleção em alguns momentos do primeiro tempo. O técnico destacou que durante uma partida, nenhum jogador consegue se escutar e que a leitura labial atrapalha seu trabalho no banco de reservas.

"Não saímos toda as vezes com a bola longa. Tivemos um problema. O Oscar juntou-se aos atacantes. Quem tinha que buscar a bola era o Oscar e o Hulk. Durante o jogo ninguém escuta ninguém. Aliás, só uma ou outra televisão que quer ouvir o que a gente está falando com os jogadores, que eu acho uma grande palhaçada porque nós não temos mais nem a liberdade de nos expressar no banco. É uma frescura total", disparou. 

Se o alvo de Scolari nesta segunda-feira foi a ESPN Brasil, é a Globo que tem um histórico do uso de leitura labial em Copas do Mundo. Em 2006 ouviu reclamações de Carlos Alberto Parreira e chegou a pedir desculpas. Na edição de 2014, usou a técnica no "Fantástico" após o jogo Brasil x Croácia, na abertura da Copa do Mundo. Com a ajuda de um intérprete, foi possível saber o que Felipão, o assistente Murtosa e o coordenador-técnico Parreira falaram no banco de reservas do Itaquerão. 

Antes do duelo contra Camarões, o UOL Esporte apurou com pessoas próximas a Felipão de que ele não havia gostado dos flagrantes das câmeras. Ainda no período de preparação realizado na Granja Comary, Felipão já procurava conversar com Carlos Alberto Parreira e outros membros da comissão técnica com a mão na frente da boca.

Na última quinta-feira, o goleiro Jefferson já havia reclamado da leitura. O jogador destacou que o elenco teve que improvisar e em alguns momentos se comunicam com a mão na boca. Tudo para evitar a repercussão negativa do que pode ser falado durante um jogo. 

"Não chega a ser uma ordem do técnico ou de alguém, mas nós, jogadores, já estamos cientes dessa situação. No banco, em campo, todos sabem que precisam se proteger mesmo. Infelizmente, as câmeras pegam tudo. Não podemos dar mole", explicou o goleiro Jefferson, mostrando que até os reservas precisam ficar ligados.

"São coisas que falamos na hora do jogo e só podem ficar entre a gente. Às vezes tem uma chamada mais dura, um palavrão e isso é normal. Mas a TV acaba pegando e transformando isso em uma discussão, por exemplo, em uma coisa errada. Preferimos tapar a boca. A gente conversa antes e depois do jogo para lembrar isso", revelou o goleiro da seleção e do Botafogo.

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