Leitura labial de TV gera 'medo' e faz seleção ficar em estado de alerta

José Ricardo Leite e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Fortaleza (CE)

  • REUTERS/Washington Alves

    Felipão (e) cobre a boca ao conversar com Carlos Alberto Parreira durante um treino da seleção brasileira

    Felipão (e) cobre a boca ao conversar com Carlos Alberto Parreira durante um treino da seleção brasileira

Não são apenas os jogadores e torcidas adversárias que deixam os atletas da seleção brasileira preocupados nos jogos da Copa do Mundo. As câmeras de TV espalhadas pelos estádios também despertam cautela e atenção extra nos atletas. E esse temor se explica pelas já tradicionais leituras labiais captadas pela tecnologia e explorada em programas esportivos.

Com medo de possíveis repercussões negativas daquilo que foi falado durante um erro ou discussão na hora dos jogos, os jogadores do time de Felipão improvisam com a mão na boca e tentam se prevenir contra o flagrante.

"Não chega a ser uma ordem do técnico ou de alguém, mas nós, jogadores, já estamos cientes dessa situação. No banco, em campo, todos sabem que precisam se proteger mesmo. Infelizmente, as câmeras pegam tudo. Não podemos dar mole", explicou o goleiro Jefferson, mostrando que até os reservas precisam ficar ligados.

"São coisas que falamos na hora do jogo e só podem ficar entre a gente. Às vezes tem uma chamada mais dura, um palavrão e isso é normal. Mas a TV acaba pegando e transformando isso em uma discussão, por exemplo, em uma coisa errada. Preferimos tapar a boca. A gente conversa antes e depois do jogo para lembrar isso", revelou o goleiro da seleção e do Botafogo.

Presente em campo nos dois primeiros jogos, o atacante Bernard também confirmou o receio de ser flagrado na leitura labial e citou os motivos de tanta preocupação.

"Conversamos entre nós mesmos para ninguém vacilar com isso. É complicado. Temos que ficar ligados. Sempre tem uma câmera por perto pegando os jogadores. Sabemos que temos uma imagem hoje e que somos exemplos para crianças. Não podemos ficar aparecendo por aí falando palavrão ou xingando. E isso ocorre normalmente em um jogo. Por isso é bom colocar a mão e disfarçar sempre que for possível", ressaltou.

Felipão vira alvo e não gosta

Além dos jogadores, o técnico Luiz Felipe Scolari também não tem curtido os flagrantes das câmeras. No último domingo, o comandante da seleção brasileira foi alvo de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, que mostrava boa parte de suas falas na estreia da Copa do Mundo – Brasil x Croácia, no Itaquerão.

O treinador comentou com pessoas próximas que não gostou da situação. Antes disso, no período de preparação realizado na Granja Comary, Felipão já havia mostrado certa preocupação e sempre procurava conversar com Carlos Alberto Parreira e outros membros da comissão técnica com a mão na frente da boca.

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos