Você sabe por que o hino à capela faz os jogadores chorarem e dá arrepios?

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Teresópolis

Júlio César enxugando as lágrimas com as mãos depois do hino do Brasil foi uma das cenas marcantes da abertura da Copa do Mundo. Mas por que o hino à capela emociona tanto os jogadores que recebem o apoio? E por que o mesmo canto causa arrepios no time rival?

"O hino e a bandeira são imagens que temos na memória. A mente capta os sinais e manda para o cérebro, que os decodifica. De lá sai um sinal de produção que é levado ao sistema endócrino, que produz os hormônios que causam as sensações", explica Mike Martins, diretor da Sociedade Latino-Americana de Coaching e especialista em neurolinguística, ciência que se propõe a estudar a maneira com que o cérebro compreende a comunicação.

Foi esse processo que emocionou os brasileiros na última quinta, na vitória por 3 a 1 sobrea Croácia. No ano passado, a poderosa Espanha apontou o hino à capela como uma das razões pela qual perdeu a final da Copa das Confederações para o Brasil no Maracanã.

"Acho que vai ser assim agora. Os rivais da seleção tem de vir preparados psicologicamente porque arrepia mesmo", disse Neymar, na saída do Itaquerão.

Martins explica que o hino e a bandeira remetem a uma memória do passado, que é combinada na mente do atleta com o futuro que ele associa a isso – no caso brasileiro, por exemplo, seria a conquista da vitória ou do título. O córtex, área do cérebro responsável pelo processamento neuronal, é o responsável por "traduzir" as imagens em sinais, que são enviados ao sistema endócrino.

"É o sistema endócrino o responsável pelas sensações. Quando o seu time está ganhando, por exemplo, o corpo libera endorfina, dopamina, serotonina e um pouco de adrenalina, hormônios responsáveis pela felicidade e a euforia. Quando o time perde, é o cortisol", disse Martins.

Essas substâncias caem na corrente sanguínea e causam efeitos no corpo. A sensação de calor que é provocada, por exemplo, explica o arrepio. "A pupila dilata e ficamos com uma supervisão, assim como uma superaudição", explica o especialista.

Para reverter isso, o atleta precisa de preparo. É esse o trabalho dos psicólogos esportivos, que tentam "blindar" o jogador do ambiente externo, de modo que o hino à capela não interfira na produção técnica.

"Sempre vai ter emoção, mas é aí que entra o trabalho do psicólogo. Qual é o nível de adrenalina que cada atleta suporta?", questiona Marisa Agresta, psicológa com mestrado na Unifesp. "O treino é para que os movimentos saiam naturalmente e com o mínimo de interferência possível", completa a profissional, que trabalha com Regina Brandão, psicóloga da seleção brasileira. 

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