Após susto, Neymar e Oscar brilham e levam Brasil ao triunfo na estreia

Do UOL, em São Paulo

Foram necessários 64 anos, 10 meses e 29 dias. Pelé surgiu, jogou, parou. Idem a outros ídolos do futebol brasileiro. O país conquistou cinco títulos mundiais. E nesta quinta-feira, 12 de junho de 2014, enfim o Brasil voltou a vencer um jogo de Copa do Mundo em casa. Mas foi sofrido - e muito. O Brasil bateu a Croácia por 3 a 1, no Itaquerão, com direito a gol contra em 10 minutos de jogo e Neymar decidindo. Graças ao camisa 10, o sonho do hexacampeonato em casa começou bem.

Não que tanto tempo sem vitória em casa fosse tratado como algo que influenciaria o futebol de Neymar e cia. no gramado do Itaquerão. Mas desde os 6 a 1 sobre a Espanha, no dia 13 de julho de 1950, o povo brasileiro não assistia a um triunfo de seu país em uma Copa em casa. Isso acabou. Mesmo que de forma controversa: como no primeiro jogo do título em 2002, o Brasil saiu atrás e só virou com pênalti polêmico. Para diferenciar, o terceiro gol veio no final. Três pontos garantidos e um jogo a menos para a conquista da taça.

As fases do jogo: Os primeiros 20 minutos de Copa do Mundo foram da Croácia. Duas chances criadas, um gol, e o Brasil sem conseguir criar uma chance sequer. Daniel Alves e Marcelo, principalmente após o gol contra que marcou aos 10 minutos, estavam nervosos. Olic, Modric e Rakitic aproveitaram. E a Croácia deu a impressão de que uma zebra na abertura poderia ocorrer.

O Brasil mudou o panorama do jogo, principalmente, pelos pés de Oscar, com bons passes, e Neymar, em jogadas individuais - foram elas que deram ao Brasil o empate, no primeiro tempo, em lindo chute rasteiro do atacante, de canhota, de fora da área. E no segundo tempo, quando ele cobrou o pênalti da virada. A Croácia ainda tentou pressionar, mas sem resultado. Nos acréscimos, quando o jogo já parecia definido, Oscar, com chute de bico, selou a vitória.

O melhor: Neymar - Oscar foi muito bem. Não lembrou em nada o esmorecido jogador no amistoso contra a Sérvia. Por ele passou a bola nos principais lances da seleção - inclusive no gol de empate do Brasil, marcado pelo camisa 10. Que se livrava da defesa croata para que os companheiros aparecessem livres no ataque. E que não sentiu a suposta pressão de, aos 22 anos, liderar o país a quebrar a "mística" dos 64 anos sem título mundial no Brasil. Se dizem que a estreia "é sempre complicada", Neymar provou que, individualmente, não sentiu nada. A prova? O pênalti para a virada. 

O pior: Daniel Alves - O lateral viu a Croácia criar todas suas chances pela lado direito da defesa brasileira. Aos 6 minutos de jogo, em suas costas, Olic surgiu para cabecear com perigo, no primeiro lance de ataque da Copa. Aos 10 min., o mesmo Olic cruzou para o gol contra de Marcelo, de novo pela área sob responsabilidade de Daniel. No ataque, pouco produziu.

A chave do jogo: a liberdade dada por Felipão a Neymar. O camisa 10 pôde, então, se movimentar por todas as partes do campo. Com Hulk e Fred sumidos, Neymar foi atacante e meia. E ele gosta disso.

Para lembrar:

O Brasil jamais havia feito um gol contra em 19 edições de Copa do Mundo. A marca foi encerrada logo aos 10 minutos do jogo de abertura, quando Marcelo desviou para o gol brasileiro bola cruzada por Olic. O gol permitiu a Croácia jogar mais recuada, o que dificultou a tentativa de pressão brasileira - o posicionamento defensivo croata foi muito bem feito -, tanto que a virada saiu de um pênalti controverso.

Fred e Hulk destoaram de Neymar, deixando o ataque brasileiro como de um homem só. Fred só apareceu quando sofreu o pênalti marcado pelo árbitro japonês, e Hulk só quando resolveu ajudar na defesa.

A torcida cantou o hino à capela, como já havia feito durante a Copa das Confederações de 2013. Isso emocionou alguns atletas, como Júlio César, Thiago Silva e David Luiz, que chegaram a chorar. A presidente Dilma Rousseff foi outra a se emocionar. Mas ela também viu a torcida se expressar de forma negativa em sua direção...

Os torcedores vaiaram e xingaram Dilma e a Fifa antes do início do duelo, quando apareceram no telão do estádio. Quando vistos, o público irrompeu em um "Ei, Fifa, vai tomar no c...", que misturou-se aos protestos contra a presidente do país. 

BRASIL 3 X 1 CROÁCIA

Data: 12 de junho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Itaquerão, em São Paulo (SP)
Árbitro: Yushi Nishimura (JAP)
Assistentes: Toru Sagara e Toshiyuki Nagi (JAP)
Cartões amarelos: Neymar, aos 25 min. do 1°t, e Luiz gustavo, aos 45 min. do 2°t (Brasil); Corluka, aos 19 min. do 2°t, e Lovren, aos 28 min. do 2°t (Croácia)
Gols: Marcelo (contra), aos 10 min. do 1°t (Croácia); Neymar, aos 28 min. do 1°t e aos 25 min. do 2°t, e Oscar, aos 45 min. do 2°t (Brasil)
Público: 62.103 pessoas

BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes, aos 17 min. do 2°t) e Oscar; Neymar (Ramires, aos 43 min. do 2°t), Hulk (Bernard, aos 23 min. do 2°t) e Fred
Técnico: Luiz Felipe Scolari

CROÁCIA: Pletikosa; Srna, Corluka, Lovren e Vrsaljko; Perisic, Kovavic (Brozovic, aos 15 min. do 2°t) , Rakitic e Modric; Olic e Jelavic (Rebic, aos33 min. do 2°t)
Técnico: Niko Kovac

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