Cuiabá usa grama para cobrir canteiros de obras de VLT inacabado

Guilherme Costa

Do UOL, em Cuiabá (MT)

  • Aiuri Rebello/UOL

    30.ago.2013 - Canteiro de obras do VLT de Cuiabá: denúncia de propinas de R$ 80 milhões

    30.ago.2013 - Canteiro de obras do VLT de Cuiabá: denúncia de propinas de R$ 80 milhões

Principal obra de mobilidade urbana que Cuiabá havia planejado para a Copa do Mundo de 2014, o VLT (veículo leve sobre trilhos) não chegou a 50% de conclusão. Há trilhos instalados, mas parte do trajeto ainda não passou de um canteiro de obras. Para evitar que os turistas percebam isso, a capital mato-grossense recorreu a uma "maquiagem". Nessas áreas, as áreas em que o trem passaria foram cobertas por grama.

O paliativo foi uma solução encontrada pela Secopa-MT para dois problemas: segurança e o aspecto visual dos corredores em que os trilhos ainda não foram colocados.

O VLT também foi a obra mais polêmica entre os projetos de Cuiabá. Toda a construção do equipamento, cujo custo deve chegar a R$ 1,5 bilhão, foi cercada de problemas.

Em agosto de 2012, por exemplo, o UOL Esporte mostrou que o vencedor da licitação para construção do VLT já era conhecido um mês antes de o processo ser realizado. Rowles Magalhães Pereira da Silva, que era assessor especial do vice-governador do Mato Grosso, disse ainda que integrantes do governo receberam R$ 80 milhões de propina para viabilizar o negócio.

Três meses depois, o UOL Esporte mostrou que o Governo do Mato Grosso tinha escolhido a segunda proposta mais cara entre cinco disponíveis para supervisionar as obras do VLT. A oferta preferida do poder público local era R$ 7 milhões mais cara do que a menor proposta na concorrência.

O edital de licitação do VLT adotou o RDC (regime diferenciado de contratação), que flexibilizou regras de concorrência pública para obras da Copa de 2014. Por esse sistema, o resultado das concorrências não é decidido apenas pelo preço – são contabilizados também elementos como critérios técnicos.

Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e documentos recolhidos em operações feitas pela Polícia Federal em São Paulo a pedido do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) apontaram que o cartel de empresas que teria direcionado concorrências públicas e pago propinas para vencer licitações de trens e metrô em São Paulo agiu também na licitação do VLT de Cuiabá.

A licitação do VLT foi concluída em maio de 2012. O vencedor foi o consórcio VLT Cuiabá, formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF, Magna Engenharia Ltda e Astesp Engenharia Ltda. Financiada por União e Governo do Mato Grosso, a obra teria 23 quilômetros de extensão e deveria estar pronta antes da Copa.

Em outubro de 2013, o governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa, admitiu pela primeira vez que esse cronograma não seria cumprido. A inauguração do aparato deve ser em dezembro deste ano, na melhor das hipóteses.

O VLT fazia parte de um plano de 56 obras que Cuiabá elaborou para a Copa do Mundo. Desse total, a cidade entregou apenas 19.

No papel, VLT está pronto

Os turistas que usarem como fonte de informação o Guia da Torcida produzido pela companhia aérea Gol terão um problema grave em Cuiabá. Em trecho sobre como chegar ao estádio, a empresa disse que o percurso pode ser feito com uso do VLT.

"Do aeroporto em Várzea Grande até o bairro do Porto e o centro, o transporte pode ser feito pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)", escreveu o guia, em trecho publicado pelo site "Mídia News".

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