Patrocinadores da Fifa elevam pressão sobre suposto suborno pago pelo Qatar

Da Reuters

Em Londres e no Rio de Janeiro

Adidas, Sony, Visa e Coca-Cola, alguns dos principais patrocinadores da Fifa, pediram no domingo que os administradores do futebol mundial lidem diligentemente com as alegações de suborno na concessão da realização da Copa de 2022 ao Qatar, uma questão que está ofuscando a estreia do torneio no Brasil nesta semana.

Com o maior evento de futebol do planeta a apenas quatro dias do início, a Fifa está na defensiva, conduzindo uma investigação interna sobre as decisões para realizar a Copa do Mundo de 2018 na Rússia e a de 2022 no Qatar. Ambos os países negam qualquer irregularidade.

A candidatura do Qatar provocou controvérsia por causa do calor extremo no país durante os meses dos jogos da Copa, e também pela sua falta de tradição no futebol. Se quiser seguir em frente, o torneio terá que ser alterado para uma data no fim do ano, o que criaria problemas para transmissoras de TV e equipes europeias de futebol definirem seus itinerários.

Os sinais de insatisfação de alguns dos principais patrocinadores devem aumentar a pressão sobre a Fifa, liderada pelo suíço Joseph Blatter, para que investigue a fundo as alegações e trate das preocupações sobre como a entidade é gerenciada.

"O tom negativo sobre o debate público acerca da Fifa no momento não é bom nem para o futebol nem para a Fifa e seus parceiros", disse a fabricante alemã de artigos esportivos Adidas, que tem um contrato assinado com a entidade até 2030, estendendo uma parceria que data de 1970.

A Coca-Cola concorda. "Qualquer coisa que vá contra a missão e os ideais da Copa do Mundo da Fifa é uma preocupação para nós", disse a empresa em um comunicado. "Mas estamos confiantes de que a Fifa está levando essas acusações com seriedade e as está investigando diligentemente" por meio de seu comitê de ética.

O jornal britânico Sunday Times publicou nos últimos dois fins de semana o que diz serem documentos vazados mostrando o pagamento de subornos para garantir que o evento fosse realizado no Qatar, algo negado pelo país.

O ex-promotor-chefe dos Estados Unidos Michel García, que lidera a investigação interna da Fifa, deve divulgar um relatório em julho, cerca de uma semana após a final da Copa do Mundo.

A Fifa divulgou um comunicado assinado pelo diretor de marketing, Thierry Weil, para tentar controlar a situação.

"Estamos em constante contato com nossas afiliadas comerciais, incluindo Adidas, Sony e Visa, e elas têm 100 por cento de confiança na investigação atualmente sendo conduzida pelo comitê independente de ética da Fifa", disse Weil. "Nossos patrocinadores não solicitaram nada que já não esteja coberto pela investigação em andamento pelo comitê de ética."

A companhia de meios de pagamento Visa, que tem um contrato com a Fifa até 2022, disse estar monitorando o progresso da investigação de García. "Esperamos que a Fifa tome as ações apropriadas para responder ao relatório e suas recomendações", disse a companhia.

A empresa japonesa de bens de consumo Sony também adotou uma abordagem semelhante, dizendo esperar que as alegações sejam "propriamente investigadas".

A Fifa, liderada por Blatter desde 1998, arrecadou quase 1,4 bilhões de dólares no ano passado, incluindo mais de 600 milhões de dólares de direitos de transmissão e mais de 400 milhões com patrocinadores e outros parceiros de marketing.

Sony, Adidas, Visa e Coca-Cola estão entre os seis principais patrocinadores da Fifa, os quais, coletivamente, pagaram cerca de 180 milhões de dólares no ano passado.

Por Keith Weir e Ossian Shine

Reportagem adicional de Ossian Shine no Rio de Janeiro, Peter Graff em London, Reiji Murai em Tóquio e Hyunjoo Jin em Seul)

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